Entrevista - Grave Desecrator

19 abril, 2011.
Nova Formação: Necrogoat, Slaughterer, Butcherazor & Black Sin And Damnation

Ódio, escuridão, destruição, Satanismo e luxúria, palavras que fazem parte do cotidiano desses maníacos cariocas que começaram a espalhar a praga em forma de música no maldito ano de 1998. Com a missão de resgatar a essência do velho Black Metal o Grave Desecrator lançou no ano de 2001 um trabalho intitulado “Demo 01”, posteriormente em 2003, o grupo solta seu cultuado EP “Cult Of Warfare And Darkness” causando uma ótima impressão. No ano passado o vômito nuclear denominado “Sign Of Doom” é lançado, um autêntico chute na cara de deu$! Em uma conversa bem humorada, Butcherazor, nos conta tudo sobre a história do Grave Desecrator, os futuros lançamentos do grupo, mudanças de formação e fatos engraçados envolvendo putarias e muito álcool.  (N.E: Esta entrevista foi realizada em 2009 para a segunda edição do Coven Of Darkness)


Por: Saulo Baldim Gandini


1-) Coven Of Darkness - Saudações Butcherazor, primeiramente obrigado pela entrevista! Para começar, o Grave Desecrator teve seu início com qual real propósito?

Butcherazor – Simplesmente tocar por tocar, cara. Tocar Metal Extremo e blasfemo. Fazer shows por todo lugar, beber e comer buceta por aí. Queríamos também resgatar as raízes do Metal Extremo nacional com nosso som. Passaram-se onze anos e o propósito ainda é o mesmo. Muita coisa aconteceu nesses anos e algumas destas coisas impediram shows mas agora está tudo OK. Mas o propósito é o mesmo desde o início.


2-) Coven Of Darkness - Em 2001, vocês lançaram uma demo chamada “Demo 01”, que foi distribuída pela extinta tape label Swords and Leather, que era de Valak. Como foi a recepção desse material no underground? Vocês ficaram satisfeitos com o resultado obtido?

Butcherazor – A recepção foi foda. Melhor do que a gente esperava. Distribuímos pelo mundo mais de 1.300 K7’s em um período muito curto e isso ajudou bastante a divulgar nosso nome. Na época ficamos satisfeitos mas no fundo a gente sabia que não era aquele som que queríamos. Estava faltando mais agressividade. Foi tudo na afobação. Eram riffs da época que eu estava ainda aprendendo a tocar guitarra. Tocamos de qualquer jeito e gravamos. Hoje odiamos aquela demo tape mas foi um período prazeroso. A única coisa que presta naquela porra é a faixa “Rise To Destruction” que foi gravada de última hora sem ensaio, e por isso regravamos esta. Mas aquela bateria com excesso de técnica e sem feeling abominamos.


3-) Coven Of Darkness - Posteriormente, o selo alemão Ketzer Records se interessou pela banda e lançou, em 2003, o EP em vinil “Cult Of Warfare And Darkness” limitada em 500 cópias. Esse lançamento traz um Grave Desecrator mais negro, cru e com um feeling infernal! Como surgiu essa parceria?

Butcherazor – A parceria iniciou quando a Ketzer pegou umas demos pra vender lá fora. Viram que vendeu bem e ofereceram um EP com faixas inéditas. Foi nessa oportunidade que resolvemos parir o som que buscávamos. E conseguimos. Foi nesse EP que nasceu o som do GRAVE DESECRATOR. Ali estávamos preparados e cientes do que era o nosso verdadeiro som.


4-) Coven Of Darkness - Algumas cópias desse trabalho vieram banhadas com sangue! De quem foi essa insana idéia?

Butcherazor – A idéia inicial veio do Alex da Ketzer. Ele que começou com essa porra! (risos) Mas a gente gostou da idéia e não demorou nada para sujar a porra dos outros EP’s também com sangue. (risos)


5-) Coven Of Darkness - A tape label Hellspike Records relançou “Cult Of Warfare And Darkness” com duas faixas bônus de ensaio em cassete, já que o pessoal daqui estava com dificuldade em adquirir esse material. Para você qual a importância desse tipo de formato? Te pergunto isso, pois hoje em dia são poucas as bandas que lançam materiais em cassete...

Butcherazor – Pra mim qualquer formato é importante se você for pensar na divulgação, desde que seja bem feito. Eu sempre curti K7. Não só por saudosismo mas por que as capas eram sempre legais. Mesmo que seja em xerox e colagens. Agora essas bandas que pensam em divulgar apenas CD-R na grande maioria são lixo. Podem notar.


6-) Coven Of Darkness - Um ponto complicado é a questão da formação. Vocês passaram por algumas dificuldades no passado por causa disso, principalmente pela procura de um baterista. Conte-nos um pouco sobre essa situação passada e um pouco de como funciona a banda hoje em dia e diga-nos: Você está satisfeito com a atual situação da banda?

Butcherazor – Sempre nos fudemos com formação, cara. Principalmente com baterista. Tivemos vários na época da demo até que decidimos por um baterista de estúdio. Depois chamamos o Adrameleck, na época do EP, que sempre nos ajudou muito, inclusive na sonorização que queríamos. Com a expulsão do vocalista, um parasita que nunca fez porra nenhuma, as coisas começaram a andar de verdade. Seguimos com os ensaios para o “Sign Of Doom” e antes das gravações chamamos o Black Sin And Damnation para reforçar as guitarras. Agora estamos preparados para os shows mas não digo que a formação ainda é a ideal, porque Adrameleck pensa em abandonar as baquetas e ele não está tão a fim de encarar shows muito longe de casa. Um tempo atrás chegamos a ensaiar com o baterista do CRYPTIC LORN, o Tormentor, mas não rolou. Estamos com Adrameleck ainda, mas não sei até quando.


7-) Coven Of Darkness - Houve uma pausa grande entre o lançamento do EP “Cult Of Warfare And Darkness” e os ensaios que originaram o debut “Sign Of Doom”, lançado em 2008. Essas mudanças na formação tiveram alguma influência ou algum outro motivo aconteceu? Porque esse período “vazio”?

Butcherazor – Eu e o Necrogoat estávamos bebendo por aí. Se a banda não tinha muito conteúdo pra ensaiar a gente chapava e comia umas putas pra pensar nas músicas e nas letras. A grana era melhor investida assim. Muito mais produtivo. Depois veio a expulsão do F. Mordor e os ensaios começaram a render mais. Com o “Sign Of Doom” já praticamente pronto veio o novo guitarrista e gravamos. Mas nunca paramos nesse período.


8-) Coven Of Darkness - Como foi o processo de criação de “Sign Of Doom”?

Butcherazor – Não quisemos pressa porque pensamos que nosso primeiro álbum deveria ser matador. Foram ensaios e mais ensaios pra elaboração de cada música. A maior parte dos riffs são meus porque eu nem sempre estava tão atolado com merda de trabalho e faculdade como o Necrogoat, mas ele ajudou muito na maquinação de todos os sons. A gravação sim teve que ser rápida, mas por falta de grana. Mas as boas idéias sempre vieram até nós nos bares e prostíbulos.


9-) Coven Of Darkness - O selo sueco Blood Harvest lançou recentemente uma versão em vinil para “Sign Of Doom”, sendo que as cópias destinadas ao grupo acabaram rapidamente! Como surgiu o interesse deles em lançar esse material nesse cult formato? Quantas cópias foram feitas? Aproveitando a pergunta, o selo chileno Proselytism Records também iria lançar esse material, mas em tape. Como andam as negociações?

Butcherazor – Realmente a nossa porcentagem dos vinis acabou muito rápido. Praticamente menos de dois meses. O interesse da Blood Harvest veio depois que ouviram nosso CD e viram que a Ketzer não lançaria em formato vinil de imediato, daí lançaram 500 cópias que já estão se esgotando, pois segundo a Blood Harvest eles estão vendendo muito bem pela Europa e EUA. Esse selo chileno já fez a versão em K7 mas ainda não recebemos nada.


10-) Coven Of Darkness - “Sign Of Doom” teve problemas com duas fábricas alemãs, sob alegação de “material ofensivo”. Pelas informações, a faixa “Holocaust” possa ter sido o motivo do problema. O que você pode falar sobre esse assunto?

Butcherazor – Achamos estranho um país que cansa de lançar coisas do tipo e censura a gente. E não foi em uma, foram duas fábricas que nos censuraram. Achei ótimo ser censurado e acusado de ofensivo nas cartas enviadas à Ketzer (risos), mas essa merda atrasou o lançamento. E depois que enviamos para uma terceira fábrica essa quis detalhes da letra da “Holocaust”, achando que ali poderia haver algo nazi. Viram que não tinha porra nenhuma e lançaram.


11-) Coven Of Darkness- As letras do Grave Desecrator falam de temas como Satanismo, Escuridão, Holocausto, Sexo, etc... Poderemos ver novos assuntos a serem abordados nos trabalhos futuros?

Butcherazor – Outros assuntos não me interessam.


12-) Coven Of Darkness - Há uma certa tendência no underground do Heavy Metal de hoje em rebuscar às origens do mesmo, como exemplo o “boom” de várias bandas de Retro-Thrash. Esse papo é batido, todos já sabem sobre isso e o mesmo ocorre com as Ross Bay Bands. Sabemos que há um lado positivo e outro negativo nesses "booms" dentro do underground, mas há limites. Creio que devemos selecionar, até porque lançam uma porcaria atrás da outra, bandas fórmulas de bolo ou caça níqueis de Myspace e masturbações mentais que rondam a Internet. O que você tem a dizer sobre todo esse processo que ocorre dentro do underground? Você consegue enxergar algum ponto positivo nessa geração que prestigia apenas o que está impresso em páginas de Internet?

Butcherazor – Esse tipo de coisa sempre aconteceu e sempre vai acontecer. Por um lado é bom ver bandas que resgatam uma sonoridade que não deveria ser esquecida nunca, como o FARSCAPE ou o SODOMIZER fazem (e começaram isso muito antes dessa moda toda). Mas quando a coisa dá certo sempre aparecem alguns que só permanecem até a onda passar. Como foi na época do auge do Dimmu Borgir. Não faltava banda com teclados e cara pintada aqui no Rio, mas hoje o que está no auge são as bandas como Krisiun. E as mesmas bandas, que ontem se orgulhavam de tudo aquilo, hoje se consideram ‘evoluídos’ ou coisa assim, e preferem os blast beats do que os teclados. Coincidência, não? (risos) Essa geração que só se preocupa com o que está no auge ou na Internet daqui a pouco desaparece e aparecem outros. Sempre foi assim.


13-) Coven Of Darkness - Falando agora sobre a cena carioca, ela tem crescido demais nesses últimos tempos. Além do Grave Desecrator, temos outros grupos fudidos como Apokalyptic Raids, Atomic Roar, Farscape, Sodomizer, Hellkommander, Flageladör, etc. Para você a que se deve esse surgimento de inúmeras bandas de qualidade? Pode-se dizer que o Rio de Janeiro possui umas das melhores cenas do país?

Butcherazor – O cenário underground carioca é muito pequeno mas hoje tem sim algumas das melhores bandas do país. São Paulo com todo aquele público não tem tantas bandas de qualidade. Acho que isso se deve ao fato de que os poucos que existem aqui são muito mais fanáticos, talvez até por não ter uma cena maior. Ou talvez porque ao invés de ir pra Galeria do Rock vamos pra Vila Mimosa! (risos)


14-) Coven Of Darkness - Vocês fizeram em Novembro do ano passado dois shows para o lançamento de “Sign Of Doom”. Um na cidade de Juiz de Fora no festival “The Apocalipse is Here” e o outro aí no Rio de Janeiro junto com o Hellkommander e o Cryptic Lorn. Como foram esses shows e a reação dos headbangers as músicas do debut?

Butcherazor – Em Juiz de Fora o público foi pequeno e acho que quase ninguém conhecia a gente por lá. No Rio, como de costume, também foi pequeno porém muito mais infernal. Mas o melhor de todos foi um show anterior a esses em Vitória-ES em 2007, antes de lançarmos o álbum. Abrimos para o IMPURITY, CATACUMBA e SARCASMO, entre outros, e o público compareceu em peso e quem não conhecia a banda veio nos cumprimentar após o show. A porrada comeu. Foi foda!


15-) Coven Of Darkness - Qualquer maníaco ao ouvir as composições do Grave Desecrator vai reparar no saudosismo do caos e da profanação do Metal! Quem são os responsáveis pelas bases e solos na entidade Grave Desecrator? Quanto à questão composição, o que nós maníacos podemos aguardar das futuras composições da banda?

Butcherazor – Como disse antes boa parte das composições são minhas por causa de tempo e emprego dos outros integrantes mas tudo é revisado por todos. As próximas composições serão ainda mais satânicas e agressivas. E pra quem acha que levará muito tempo para sair o próximo álbum aviso que este já está sendo preparado para o início do ano que vem. Estamos ensaiando coisa nova já há algum tempo.


16-) Coven Of Darkness - A respeito de lançamentos futuros. Vocês estão à procura de um selo para lançar um split 7’EP com o Catacumba. Há previsão de lançamento desse material? Fora isso está previsto o lançamento de um 7’EP pelo selo Hell´s Headbangers (EUA) incluindo uma faixa inédita e mais dois covers. Fale um pouco desse material.

Butcherazor – Ainda não temos certeza de quem vai lançar esse nosso split com o CATACUMBA, mas já estamos vendo algumas propostas e com certeza vai sair em breve. Terá uma faixa inédita e um cover do MORTUARY DRAPE. O 7’EP que será lançado pela Hell’s Headbangers terá outra faixa inédita e um cover do REPULSION. Muito em breve será gravado e distribuído por aí também.
(N.E: Tanto o split com o Catacumba ("Tombs On Fire"), o EP "Primordial and Repulsive" e o segundo álbum do grupo intitulado "Insult" já foram lançados) 

17-) Coven Of Darkness - Lendo a lista de agradecimentos do debut e algumas letras do Grave Desecrator, vemos que vocês levam a filosofia de vida “Sex, Drinks & Metal” muito a sério! Você poderia nos contar alguma curiosidade ou fato engraçado envolvendo bebedeiras e putarias?

Butcherazor – Sim cara, e cada agradecimento ali é pelo fato de ter nos influenciado em cada noite, em cada porre! E não é algo que procuramos seguir, que pensamos que devemos fazer, ou algo do tipo. É algo natural pra mim. Mas é tanta merda que fica difícil lembrar algum fato curioso, até por causa do estado alcoólico, mas o pessoal da banda sempre me enche o saco porque eu já peguei uma garota que não tinha mãos e usava próteses de madeira (!) do joelho pra baixo (risos) Mas porra, ela tinha peitos deliciosos! Mas admito que era meio estranho ver uma garota batendo uma punheta pra mim com dois tocos de braço! (risos)


18-) Coven Of Darkness - Butcherazor, para terminar a entrevista gostaria que você fizesse um rápido comentário sobre as principais influências do Grave Desecrator: Sarcófago, Mystifier, Vulcano e os filmes da Buttman.

Butcherazor – Eu diria sim que são as principais, mesmo existindo uma imensidão de bandas que nos influenciaram muito, mas estas citadas são muito significativas pela proximidade e pelo que elas representam no cenário do Metal mundial. Pra mim SARCÓFAGO é tão importante como o VENOM foi. Recriaram o estilo. E esse lance dos filmes da Buttman eu disse isso bêbado numa entrevista, não é? (risos) Mas é a pura verdade. Posso dizer que quando eu era mais novo os filmes da Buttman me ajudaram muito a conhecer meu extinto e minha liberdade. E considero isso como a chave principal para o Satanismo. Total liberdade e exaltação do extinto. Salve a luxúria! 


19-) Coven Of Darkness – Irmão, agradeço pela entrevista. Deixe suas últimas palavras...

Butcherazor – Valeu pela entrevista e aguardem nosso próximo álbum que já está sendo preparado. Será mais devastador e cruel do que “Sign Of Doom”. Vejo vocês nos próximos shows... ou no Inferno!



         
          
Contato:  Myspace: www.myspace.com/gravedesecrator666                       

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