Entrevista - Catacumba

19 abril, 2011.

Amazarack, Gordoroth Vomit Noise e Count Unico Del Inferni


Formado em 2003, na cidade de Serra (ES), com o intuito de tocar o mais impuro e devastador Black/Death Metal o Catacumba lança, finalmente, seu aguardado debut intitulado “Kratos”. Nesta entrevista o polêmico Gordoroth Vomit Noise nos conta como foi o processo de composição deste vômito nuclear, a trajetória do grupo, dentre outros assuntos interessantes. Confiram!  (N.E: Esta entrevista foi realizada em 2010 para a terceira edição impressa do Coven Of Darkness)

Por: Saulo Baldim Gandini


1-) Coven Of Darkness – Saudações Gordoroth Vomit Noise! O Catacumba foi formado no final de 2003, com a proposta de espalhar todo o caos e imundice num Black/Death Metal influenciado pelos deuses Bathory, Death, Sarcófago, Rotting Christ, etc. Desde a criação até os dias de hoje como está sendo batalha do grupo no necrounderground?

Gordoroth Vomit Noise: Salve grande Saulo! Desde a gênese da entidade temos travado batalhas incessantes contra as intempéries impostas a nós por parte do senso comum. Mudanças de line-up, concertos desestruturados, estúdios descompromissados e sem profissionalismo algum...  Acredito que fatos esperados para uma entidade com suas raízes ficando no mais profundo abismo necrounderground.



2-) Coven Of Darkness - Recentemente vocês lançaram um Split junto com o Grave Desecrator pelo selo alemão Necromancer Records. Como surgiu a idéia de lançar este artefato e como está sendo recepção dos headbangers diante deste trabalho?

GVN: A idéia surgiu da mente distorcida do Valak. Após o Grave Desecrator ter tocado aqui em meu estado no evento Legiões do Abismo, nosso contato e intercâmbio de idéias ficou mais estrito e Valak me disse que deveríamos solidificar o pacto entre as duas facções em questão com algo que fosse “cult” de preferência no formato vinil. Lógico que tal surto psicótico me fez verter sangue dos pensamentos, e após muito negociar com selos que lançam vinil, a Necromancer Records da Alemanha acabou materializando o atentado planejado contra os mortais. O resultado ficou aquém de nossas expectativas e sugiro que os sedentos pelas manifestações ortodoxas das vontades pétreas e sentimentos negros dos terroristas envolvidos tentem adquirir sua cópia antes que se esgote! Ambas as bandas não dispõem mais de exemplares.



3-) Coven Of Darkness – Considero a demo Birkat Há – Minin – A Benção dos Hereges um pequeno clássico da cena extrema nacional. Quais os pontos positivos que ele trouxe para o Catacumba?

GVN: Não é a primeira vez que ouço tal assertiva e, sinceramente, digo que para os integrantes da entidade a classificação soa como um exagero da parte de quem assim valora o material! Ficamos satisfeitos por saber que a manifestação “abençoou” alguma alma doente com seus escarros necro-ideológicos. “Birkat...” realmente foi um lançamento que nos possibilitou o contato, e o endosso, de muitos maníacos pelos quatro cantos do continuum. Entrevistas, intercâmbios de materiais e mídia subversiva, camaradas, aliados, inimigos... Enfim, grande parte do contingente de citados adveio por meio de nossa primeira demo-tape. Fazemos um balanço positivo em relação aos resultados, já que os anseios e impressões físicas ou psíquicas ali embutidas demandam divergentes reações dos homo sapiens que foram atingidos. Aguardem outra bomba repressora de alienados em nossas ulteriores manifestações subseqüentes ao material citado.



4-) Coven Of Darkness - Particularmente eu achei muito fudido o DVD Legiões do Abismo – Ato I, pois mostra toda a insanidade do Catacumba em cima dos palcos. Como surgiu o contato com a gravadora ucraniana Dead Center Productions para o lançamento deste material?

GVN: De maneira semelhante aos outros acordos que fechamos com outros selos. Combinamos uma troca de material, realizamos a mesma e consequentemente o dono do selo nos perguntou se tínhamos alguma gravação de imagens e som proveniente de um concerto nosso. Com nossa resposta afirmativa, o material foi enviado ao selo, que apreciou o mesmo, que, após editá-lo, lançou-o em 500 limitadas cópias em DVD-R.



5-) Coven Of Darkness - Desde o começo o Catacumba passou por várias mudanças em sua formação. Você é uma pessoa difícil de se trabalhar? Ou seria mais justo dizer que a dificuldade está em encontrar integrantes que se adaptem em ambos os aspectos, musical e ideológico?

GVN: Ambos. Meu ego é elevado ao extremo e minhas regras de trato social seguem o tortuoso e sinuoso caminho de minha mente, obviamente que a banda estende-se além de minhas vontades, somos a versão serrana de Cerberus!  O Catacumba representa para mim, e para os outros integrantes fundadores, uma maneira pura de manifestação de nossos ímpetos mais obscuros e odiosos e muitos “guerreiros” hodiernos parecem ter sua ideologia sob a égide do flower-power! Tais tipos, obviamente, atingirão um ponto em que confrontarão sua ideologia pré-fabricada com a vontade pétrea da trindade, que é autoral e desprovida de pretensiosismos como fama e auto-indulgência. Inúmeras também são as ocorrências de falta de compromisso de ex-membros com as atividades mínimas, mas basilares, de uma banda como ensaios, gravações, apresentações e afins. O Catacumba nunca foi uma criação destinada a diversão rock and roll dos jovens contemporâneos, sempre tivemos uma meta a ser atingida em nossos planos de ação e seremos exigentes para que todas as diretrizes sejam cumpridas.



6-) Coven Of Darkness - Vocês finalizaram o seu aguardado full-length, intitulado Kratos que será lançado em breve pelo selo mexicano Onslaught Records. Como foi o processo de composição do mesmo e quais as diferenças que você poderia apontar em relação a demo Birkat Há – Minin – A Benção dos Hereges? Há intenção de lançar este trabalho em vinil? O contrato com a Onslaught Records é para quantos álbuns?

GVN: As músicas, em quase sua totalidade, foram compostas na mesma época de nossa demo estúdio, acredito que tenham diferenças estruturais nas canções em relação a ela por naturalmente compormos odes divergentes entre si. Provavelmente quando este entrevista vier à tona, com o lançamento de teu zine, a versão CD do álbum já estará disponível para as mentes doentes! O dono da Onslaught me disse recentemente que a prensagem já tinha sido completada por parte da fábrica, faltando apenas o recebimento da arte gráfica. Não temos um contrato com a Onslaught Records, até porque não tivemos boas experiências em nossos relacionamentos com eles. Não ficamos restritos a nenhum tipo de marca ou selo. Temos um acordo com a Blood Harvest Records da Suécia, que se comprometeu a lançar uma versão vinil, negro como o abismo, de nosso full lenght. Confesso a ti que a sensação de missão cumprida nesse quesito é imensa, já que sou um grande Die Hard colecionador de vinis e Count e Amazarack também nutrem profunda simpatia pelo formato! Uma realização como fã de Heavy Metal e apoiador dos formatos ortodoxos no underground.



7-) Coven Of Darkness - A respeito de apresentações, vocês já receberam propostas para espalhar a desgraça fora do Brasil? Qual a freqüência dos shows do Catacumba?

GVN: Recebemos algumas propostas para concertos na Bolívia, Peru e Portugal, mas nada que tenha passado do campo da especulação. O Catacumba não se apresenta ao vivo desde o fim de 2008, por motivo de mudarmos nosso line-up e nos focarmos nas gravações de nossos materiais vindouros. Após os lançamentos de nossos materiais propostos voltaremos aos nossos atos “on the stage”, já temos até algumas datas marcadas pelo Brasil.



8-) Coven Of Darkness – Uma pergunta que sempre gosto de fazer aos entrevistados é como está cena Metal no determinado estado ou país de origem. Na minha opinião a cena capixaba possui grupos de extrema qualidade. Como é a relação do Catacumba com a cena capixaba?

GVN: O Catacumba tem aliados e inimigos no cenário capixaba, algo normal quando se ostenta um trabalho relevante em meio à cena necrounderground. Sua assertiva acerca de bons grupos em meu estado de origem procede e muitos grupos aqui tem nosso apoio... Até quando não sei, somos humanos e eles também, portanto nada é seguro afirmar relativo ao porvir.



9-) Coven Of Darkness – Você é uma pessoa bem ativa na cena underground, pois além do Catacumba tu possui uma distro (Tecido Adiposo) e também edita o Putrefação Agnóstica Zine. Gostaria de saber como andam estes trabalhos e quais os planos futuros designados a eles?

GVN: A Tecido Adiposo Distro nasceu do meu incessante intercambio de materiais com maníacos mundo afora. É algo bem informal e subsiste praticamente a base de trocas, algo para aumentar minha coleção pessoal, mormente dos materiais que pego sobressalentes dos Die Hards espalhados pelo globo. O Putrefação Agnóstica Zine teve apenas uma edição que viu a luz da lua, bem recebida pelos bangers, diga-se de passagem, e não tenho nenhuma previsão de quando outra será lançada. Acredito que quando menos esperarem os ascetas tomarão mais um tiro nas fuças dos soldados orientados pelo meu manual de instruções de guerrilha anti-abrâmanica! HAHAHA



10-) Coven Of Darkness - Ultimamente estamos vendo um “novo mercado” surgindo com várias gravadoras lançando materiais em formato LP. Sei que você é um die-hard maníaco por este tipo de formato. Você tem receio que o vinil sofra uma popularização e se torne um produto de mídia, perdendo sua real essência?

GVN: Não tenho nenhum receio. Acredito que a modernidade deixe tudo ao alcance de quem for capaz de adquirir ou se interessar pelo que está em questão, Only Death and Money are real comrade!  Todos os movimentos pós-modernos urbanos carregam suas “excentricidades” e essas características chamam a atenção de quem pode, financeiramente falando, suprir os anseios dos aventureiros não firmados em seus próprios valores, criando assim uma indústria baseada no oportunismo. Lei da oferta e da procura, por isso tal “revival” nostálgico maçante contra os que não sabem do que são reminiscentes...  Eu prefiro que os vinis voltem, mesmo por tal motivo, por gostar do som e formato. O tempo se encarrega de fazer as crianças desistirem do fardo da ostentação desenfreada.



11-) Coven Of Darkness - Gostaria de saber como você vê a humanidade nos dias de hoje? Você vê algum tipo de “esperança” para o futuro ou acredita que as pessoas estão mais preocupadas com seus estúpidos problemas e que a solução seria o afastamento delas?

GVN: Não vejo esperança alguma. Eu, como integrante da raça e praticante de seus desmandos contra o próprio habitat natural, não tenho esperança maior alguma no futuro. Faço o melhor que posso para não ser perturbado em meu individualismo seguindo os ditames das regras de trato social e pagando meus deveres para com o Estado, não porque me sinta satisfeito com tal atitude e sim porque quero manter meu isolamento mental que impus a mim mesmo para refletir sobre o prazer de ver a realidade se contorcer, acabar e começar de novo. Os Homo Sapiens são os criadores de seus próprios problemas e seu circo é soberbo para quem assiste o espetáculo do alto.



12-) Coven Of Darkness - Sei que você é um grande apreciador de literatura. Quais são seus autores favoritos? De que forma suas obras o influenciam no seu dia-a-dia?

GVN: Meu conteúdo programático de leitura é difuso e extenso, não sendo norteado por um escritor ou estilo literário específico. Aprecio nomes como Stephen King, Morris West, Elaine Pagels, Nietzsche, Dostoiévski, Kafka, Blavatsky, Freud, Jung, Lovecraft, Fernando Pessoa e diversos mais.



13-) Coven Of Darkness - Gordoroth gostaria que você fizesse um breve comentário sobre estes assuntos:

- Nihilismo - Aprecio muito a estética da corrente de pensamento. A filosofia do martelo!
- Goëtia - A chave dos segredos do Salomão histórico. Uma epopéia dentro da própria psique humana em terrenos não explorados.
- Pedofilia na Igreja - Os rebanhos começam a notar que seus pastores lhes despejam cuidados para alimentarem-se de uma carne mais saborosa.
- A Moda “Retro-Trexi” - Em períodos cíclicos de vinte anos a juventude pula, agita e fica feliz com seus álbuns de figuras repetidas.
 - Blasphemy - Ross Bay Cult!!!!!!!!!!!!!!!!! As lendas do extremismo.
- Silvia Saint - Informe a ela o meu e-mail, lhe darei uma chance de tocar a besta! HAHAHA



14-) Coven Of Darkness - Irmão lhe agradeço imensamente pela entrevista. Fique a vontade para deixar registrado aqui os planos futuros para o Catacumba e seus últimos insultos...

GVN: Somos gratos pela oportunidade de figurar em mais um artefato extremo do necro-underground! Mantenha-se com a cabeça erguida mesmo frente à espada dos comuns. Aos Die Hards leitores, desejamos uma vida de morte, lutas, sexo, álcool, entorpecentes e toda a espécie ou gênero de coisa que os façam satisfeitos consigo mesmos, não importa se efemeramente... DCLXVI – G.V.N.


                                                                  


Contato: Myspace - www.myspace.com/catacumba


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