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Funerarium - Nocthule

23 agosto, 2011.
Funerarium - Nocthule
(Undercover Records)
A interação e a aproximação de pessoas e países no cenário underground é um processo que vem crescendo no decorrer dos anos. Quem poderia imaginar que Luxemburgo revelaria grupos para o Metal Extremo? Pois é caro leitor, é desse pequeno país situado na Europa Central, limitado pela Bélgica, França e Alemanha, que vem o Funerarium. Esse grupo começou a espalhar sua doença em 2000 sob o nome de Uther Pedragon, mudando para Funerarium três anos mais tarde. Capitaneado pelos seres Necroshadow (bateria) e De Rais (vocal, baixo e guitarra), o Funerarium lançou uma demo em 2005 (Promo 2005) e seu debut álbum (Valley Of Darkness) até chegar neste segundo trabalho, intitulado Nocthule, lançado pelo selo alemão Undercover Records. Li em algumas resenhas, que os membros rotulam seu som como Funeral Black Metal, mas discordo desta afirmação, pois para mim sua sonoridade, muito mais rápida diga-se de passagem, remete mais ao tradicional Black Metal dos grupos noruegueses (os riffs são puro Darkthrone da fase Transilvanian Hunger), do que um Nortt por exemplo. Após a breve intro, a música Riders Of Doom nos comprova justamente isso com os vocais gritados e riffs gélidos de De Rais e a bateria reta de Necroshadow, que alterna passagens velozes com outras mais cadenciadas. A produção deste álbum é extremamente crua, realçando a atmosfera negra, fria e desoladora que envolve as esporrentas Nocthule, Journey Through The Desolated Landscapes, a longa The Curse / Ontology Of The Trinity, The Parable Of The Blind Leading The Weak e encerrando magnificamente com In The Dark Nihilistic Center Of Gravity. O encarte trás fotos dos integrantes e todas as letras das músicas. Uma grata surpresa! (Por: Saulo Baldim Gandini)

Contato: Myspace - www.myspace.com/funerariumlux  



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Grave Desecrator – Sign Of Doom

18 agosto, 2011.
Grave Desecrator - Sign Of Doom
(Ketzer Records)
Após chamar a atenção no underground com uma demo em 2001 e com o lançamento do maldito EP Cult Of Warfare And Darkness, a entidade Grave Desecrator, estréia com seu debut, denominado Sign Of Doom. Novamente a gravadora alemã Ketzer Records, assim como foi no EP, ficou responsável pelo lançamento. Na época, o grupo contava com a seguinte formação: Butcherazor (vocal/guitarra), Black Sin And Damnation (guitarra), Vallakk The Necrogoat (baixo) e Adrameleck (bateria). Sign Of Doom é a mais impura desgraça em forma de música, pois encontramos em profusão aqui um sentimento que, infelizmente, alguns grupos acabaram perdendo no decorrer dos anos: a maldade e a negatividade em se fazer Metal. A qualidade de som, produzido por Andy Classen no tradicional estúdio Stage One, é perfeita o que realça ainda mais pedradas como Faces Of Apokalypse Battle, Christ Blood, Rise To Destruction e a faixa título. Com esse lançamento fica comprovado mais uma vez que o Metal brasileiro não deve em nada em qualidade para os gringos e esse álbum é a confirmação real disso. (Por: Saulo Baldim Gandini)





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Em Ruínas - Headbanger Resistance

10 agosto, 2011.
Em Ruínas - Headbanger Resistance (Promo)
(Independente)
Após a ótima repercussão da primeira promo, From The Speed Metal Graves, os guerreiros Speed Metal do Em Ruínas soltam esse novo trabalho intitulado Headbanger Resistance. Nesta nova promo houve uma mudança de formação, com a saída do baixista Adelfe Zóio e a entrada de André Melhado. São três músicas de um fudido Speed Metal influenciado por grandes nomes do Metal como Running Wild, Violent Force, Living Death, Hellhammer, Motörhead, entre outros. A produção é ótima, o que aumenta ainda mais o poder de fogo de músicas como No Speed Limit (com um riff matador e um refrão marcante), Somente a Morte é Real (música e letra compostas pelo antigo baixista do grupo Zóio, com os vocais do baterista Danilo) e Son Of Hell (que já aparecia na primeira promo). Vale lembrar aqui que o debut álbum do grupo (...from The Speed Metal Graves) já foi lançando esse ano. Para ler a resenha deste trabalho, basta clicar aqui. (Por: Saulo Baldim Gandini)

Contato: Myspace - www.myspace.com/emruinas



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Farscape - For Those Who Love To Kill

21 julho, 2011.
Farscape - For Those Who Love To Kill
(Kuravilú)
Enquanto o novo álbum dos cariocas do Farscape não sai, os hellbangers podem matar a vontade ouvindo essa compilação do grupo, lançada em 2008, intitulada For Those Who Love To Kill. Esse trabalho possui quatro composições inéditas, Mercenary Love´s House, Billy The Butcher, Church Of  Golden Lies e Politicians (cover do The Exploited). Essas músicas mantém a mesma pegada do álbum anterior (o ótimo Killers On The Loose) com os riffs e solos malucos de Poisonhell, a cozinha precisa e entrosada da dupla Whipstriker e Skullkrusher e os vocais inconfundíveis de Witchcaptor. As próximas faixas, Thrash Until You Drop (bem NWBOHM e que constou no álbum seguinte Killers On The Loose), a rápida Eletric Fist e a minha favorita 666 On Your Grave, são do 4 Way Split que a banda participou em 2005, junto com o Victimizer, Eternal Pain e Betrayed. Nessas composições já percebemos um Farscape com mais maturidade, com seus integrantes deixando fluir  suas diversas influências, se afastando um pouco do Speed/Thrash Metal cru e ríspido das demos e do debut Demon´s Massacre e alcançado níveis extremamente satisfatórios. E por falar em violência musical, para quem curte a fase inicial da banda, ela está muito bem representada nas próximas músicas com a fudida demo Doctrine Sickness, com um Thrash Metal rapidíssimo algumas vezes beirando ao Death Metal. Achei muito interessante o uso de alguns "rolos" no trabalho de bateria, como nas músicas Bizzare Sex Machine (muito mais insana do que a versão que saiu posteriormente) e Eternal Suffering Of Flesh. Por fim temos a  faixa ao vivo Killers On The Stage que nada mais é que uma coletânea contendo três músicas executadas "in loco" em uma apresentação em 2003. O grupo executa dois covers (Kreator com a participação do baterista Guga - ex: Dorsal Atlântica - e dos canadenses do Sacrifice) além da excelente Carrasco do Metal. Se você é fã não perca tempo e corra atrás de sua cópia e para quem não conhece o grupo está aí uma oportunidade para conhecer umas das melhores bandas de Thrash Metal surgidas nesses últimos anos. (Por: Saulo Baldim Gandini)


Contato: Myspace - www.myspace.com/farscapekillers




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Entrevista - Chaos Synopsis

18 julho, 2011.
Antiga formação do Chaos Synopsis: Marloni, Jairo & Friggi


Os “Extreme Thrashers” do Chaos Synopsis começaram suas atividades em 2005, na cidade de São José dos Campos (SP). No ano seguinte gravam o fodido EP "Garden Of Forgotten Shadows", um trabalho onde mostra todo o extremismo e técnica do Thrash/Death Metal praticado pelo grupo. O baterista Friggi, nos conta todos os detalhes que envolve a banda nessa entrevista. (Essa entrevista foi realizada em 2008 para a primeira edição impressa do Coven Of Darkness)  

Por: Saulo Baldim Gandini


1-) Coven Of Darkness - Saudações Friggi é uma honra ter o Chaos Synopsis em nossas páginas. Conte-nos como foi o começo do Chaos Synopsis para os maníacos que ainda não conhecem o trabalho do grupo.

Friggi – E ae campeão, firme? A honra é nossa em participar do seu real zine! Nossa luta começou em 2005, quando começamos a compor alguns sons e ensaiar, inicialmente tocando um thrash mais tradicional, porém aos poucos fomos sentindo falta de algo diferente no som, esse foi o principal motivo da entrada do Daniel e do Jairo na banda. Com essa formação já estamos desde 2006, firme e forte, na alegria e na tristeza, na pobreza e na cerveja!

  
2-) Coven Of Darkness - Sobre o nome Chaos Synopsis, quem teve a idéia desse nome?

Friggi – A nome já tinha surgido antes do inicio da banda, quando eu e o ex-baixista, Rodrigo “Heavão”, estávamos com a banda apenas no papel. O nome vem da idéia do som da banda, violência e devastação ao extremo, como se todo o caos se transformasse em música.
  

3-) Coven Of Darkness - Em 2006, vocês lançaram a fodida demo “Garden of Forgotten Shadows” que nos brinda com cinco sons do mais violento Thrash/Death Metal. Como vem sendo a repercussão desse trabalho?

Friggi – Este foi o nosso primeiro trabalho, e em abril deste ano vai completar dois anos do lançamento, já está velhinha, porém ainda continuamos a divulgação. Esta demo nos rendeu ótimas resenhas em revistas, zines, webzines, jornais, enfim... Tivemos uma boa repercussão em todo o país e na Europa. O material foi muito bem recebido nos shows, o que é bem gratificante, afinal é só os caras que realmente curtiram o show que compraram.

  
4-) Coven Of Darkness -  A produção do “Garden of Forgotten Shadows” ficou matadora! O som ficou sujo, mas ao mesmo tempo bem pesado e nítido! Como foi esse processo de gravação e qual estúdio vocês usaram? 

Friggi – Ficamos muito surpresos com o resultado da gravação, afinal foi a primeira vez que entravamos em um estúdio para gravar. Basicamente gravamos ao vivo, a bateria isolada em uma sala e as cordas ligadas diretamente na mesa, o vocal foi gravado depois. O trabalho foi realizado no Oversonic estúdio, em São José dos Campos-SP.


5-) Coven Of Darkness -  Em dezembro do mesmo ano, vocês relançaram esse trabalho pela Anaites ZPD, como se deu essa parceria? Vocês estão satisfeitos como o trabalho realizado?

Friggi – Estava difícil “pagar pra tocar” e fazer cópias da demo, estávamos fazendo as capas em preto e branco para diminuir os gastos com o material, estava complicado... O grande amigo, Felis, da banda de grind “Abuso Verbal” me passou o contato do Hioderman e disse que ele poderia nos ajudar. Aconteceu que relançamos com o Anaites a demo, foi bom porque conseguimos um material de excelente qualidade a um baixo custo, além da divulgação nota ‘deiz’ que a Anaites nos proporcionou. Ficamos muito satisfeitos com o trabalho, o Zartan é um cara firmeza.


6-) Coven Of Darkness -  Fale um pouco do processo de composição do grupo. Vocês seguem algum padrão ou tudo sai naturalmente? E as letras? Quem as escreve e qual a mensagem que vocês querem passar com elas?

Friggi – Não temos um modo padrão de compor, às vezes vem de um simples riff que misturamos com outro e assim vai... Ás vezes eu venho com uma batida e imagino um riff e tentamos tocá-lo. Hoje quem escreve as letras é o vocalista Daniel, e como ele mesmo diz, passamos a idéia de quão podre e hipócrita o câncer deste planeta, o ser humano, é.


7-) Coven Of Darkness -  Como surgiu o convite ao Chaos Synopsis para participar da compilação da Anaites ZPD, com a música “Behind The Mask”?

Friggi – Após relançarmos a demo com o Anaites, o Zartan nos convidou. Essas coletâneas undergrounds são excelentes, cada banda faz a sua parte na divulgação, o selo faz vários corres e todo mundo ganha com isso, excelente!


8-) Coven Of Darkness - Como estão as coisas no cenário em São José dos Campos? Alguma banda de destaque a ser citada? Você enxerga progresso em sua cena local?

Friggi – Nossa cena aqui não é das melhores, já estivemos bem piores, mas hoje podemos dizer que estamos caminhando legal... Já tivemos grandes shows undergrounds pra cá, na cena hardcore tem um suporte bem maior que o metal, e assim podemos notar que a coisa pode melhorar. Nós da banda já realizamos alguns eventos, contando com bandas como Midnightmare, Head krusher, Pscicoses, Rectal Collapse, Hate Inside (RIP), Corporal Sores, Infamous Glory, entre outros. O Vale do Paraíba no geral é um berço de excelentes bandas, aqui em nossa cidade podemos citar Rectal Collapse e Innerthia, duas excelentes bandas de death metal, e o Mystic Atrocity que é uma banda com mais de 15 anos de thrash metal que já contou com ex-integrantes da lendária banda Attomica, e agora voltou à ativa contando comigo e o Marloni em sua nova formação.


9-) Coven Of Darkness - O Chaos Synopsis é uma banda que gosta de tocar bastante ao vivo. Como tem sido essas apresentações? Alguma em especial a ser destacada?

Friggi – Realmente, nos shows fazemos tudo que gostamos: tocar metal, encontrar os amigos e beber cerveja! O ano de 2007 foi excelente para nós, inclusive por que descobrimos a “mina de ouro do underground”, Minas Gerais, sem querer puxar o saco, é lógico (risos). Mas com certeza os dois shows que realizamos em seu estado, foram os melhores da banda, em Itajubá e Pouso Alegre. Fomos muito bem recebidos e o feedback da galera foi ‘deiz’.


10-) Coven Of Darkness-  O grupo tem uma composição em português chamada “Batalha Final”. Porque vocês não gravaram essa música no “Garden of Forgotten Shadows”? Existe a intenção de incluí-la futuramente em algum EP ou até mesmo no debut?

Friggi – Não sei, esta é uma musica muito diferente, tem uma pegada mais thrash nacional, na verdade é uma homenagem aos pioneiros do nosso metal brasileiro. Ela foi composta antes da gravação da demo, mas decidimos não gravá-la porque queríamos lançar um material com 5 musicas e ela era a que menos se encaixava no contexto do trabalho. Pode ser que dia a gente grave, mas seria mais para divulgação nos porões do underground.


11-) Coven Of Darkness - Atualmente estamos vivenciando um “boom” em relação ao Thrash Metal. Bandas surgindo de todos os lados, uma procura enorme por vinil, indivíduos enchendo jaquetas com patches e falando que só o que é 80´s é bom. Ou seja, uma alienação total! Qual a sua opinião sobre isso?

Friggi - Moda é uma palavra que não se encaixa no nosso underground, por isso não é este termo que devemos usar para o tal, porém há quatro anos atrás não se via bandas de thrash tocando por aí como se vê hoje, e nem carinha em tal ‘vizú’, as bandas de thrash que estavam em alta eram as mesmas de sempre, o que aconteceu? Felizmente devemos agradecer, afinal esta radical mudança é ótima! Espero aqui a cinco anos poder ver as mesmas pessoas que estão nessa onda curtindo como hoje.


12-) Coven Of Darkness - Ouvindo seu trabalho em “Garden of Forgotten Shadows” vimos que você é um baterista muito rápido nos bumbos e possui uma técnica extremamente apurada. Quais são suas influências?

Friggi – Minha escola puxa mais para o lado mais ‘punk’ da coisa, gosto de ver bateristas como o Boka (Ratos de Porão) e Dave Lombardo (Slayer) tocando, aprendi mais com a pegada das bandas do que com bateristas. Tenho vontade de estudar o instrumento e poder trazer mais coisas para a banda, mas a verdade deve ser dita: É o “tucatuca” que nos faz bater cabeça e correr em círculos! (risos)


13-) Coven Of Darkness - E os preparativos para o debut? Já existem músicas prontas? O que você pode nos falar a respeito?

Friggi – Ainda não temos certeza que tipo de material lançará o debut com certeza está nos planos, mas temos vontade de lançar um Split por aí. Agora estamos gravando uma musica nova, chamada “2100 a.d.” para uma coletânea que está sendo organizada pelos camaradas da banda Ophiolatry, que tem planos de lançar mundialmente este material. Temos outras novas composições que seguem nosso estilo thrash extremo, tais como “License to kill” e “Legacy of Pain” que de qualquer maneira estarão no próximo trampo. (N.E: Foi lançado um single em 2008 com música "2100 a.d.". No ano seguinte foram gravados mais dois materiais: o EP "Postwar Madness" e o debut álbum "Kvlt Ov Dementia") 


14-) Coven Of Darkness - Agradecemos a entrevista. Fique a vontade para deixar suas considerações finais...  

Friggi – Nós que agradecemos a você pela oportunidade de expor nossas idéias e contar um pouco sobre a banda, queríamos deixar um abraço a todos os headthrashers e deathbangers que apóiam a banda e a todos os amigos que nos dão força! Qualquer coisa é só entrar em contato com a banda pelo email fryggythrash@hotmail.com e ouvir o som no www.myspace.com/chaossynopsisbr. Falou!

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Deep Grave Dungeons – 4 Way Split (Crucifier, Throneum, Sathanas & Bestial Mockery)

06 julho, 2011.
Deep Grave Dungeons - 4 Way Split
(Time Before Time Records)
Lançado pelo selo polonês Time Before Time Records, esse split conta com a participação de quatro doentios grupos do underground mundial, os norte-americanos do Crucifier e Sathanas, os poloneses do Throneum e os suecos do Bestial Mockery, cada um tocando quatro músicas respectivamente. Todas as gravações datam o ano de 2007, com exceção do Crucifier, que registrou suas composições em 2003, na época do lançamento do debut álbum Stronger Than Passing Time. E por falar em Crucifier, são justamente eles que abrem a bolacha com o seu intolerante Black/Death Metal. Para quem não sabe esse grupo já é veterano na cena e conta com alguns ex-membros do lendário Grand Belial´s Key em sua formação. A gravação das faixas é extremamente suja e abafada, dificultando um pouco a audição dos vocais. Chamam a atenção a faixa de abertura Foul Deeds Will Rose e Demons Of Filth. O próximo grupo é o Throneum que nos brinda com um ultrajante Black/Death Metal com claras inclinações oitentistas. Destaque total para a odiosa Bestial Incineration gravada especialmente para esse registro, assim como o cover para Ave Satanas do Acheron. Outra faixa que gostei muito foi a Godless Antihuman Evil, uma autêntica propaganda de ódio, morte e destruição. Vale salientar que o vocalista e guitarrista Tomasz é proprietário do selo que lançou esse trabalho. Outro grupo veterano a dar as caras nesse split são os americanos do Sathanas que estão na ativa a mais de vinte anos destruindo tudo com o seu impuro Blackned Death Metal. As músicas Satan´s Plague e Prayer Of Hell (cover do Acheron) foram gravadas exclusivamente para este trabalho. Finalizando o split, temos os insanos suecos do Bestial Mockery mandando seu Black Metal com algumas pegadas Crust que lhe é peculiar. Nada de virtuosismo, melodias ou viadagens do tipo é só devastação, atrás de devastação. Como curiosidade, lendo o encarte vimos que o Bestial Mockery gravou seus hinos com os todos os seus membros totalmente chapados. Destaque para os mísseis Scream For War, Infantry Storm e Chaisaw Enforcer. (Por: Saulo Baldim Gandini)

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Morbosidad – Profana la Cruz del Nazareno

01 julho, 2011.
Morbosidad - Profana la Cruz del Nazareno
(Nuclear War Now! Productions)
Arghhhhhhh! Finalmente os adoradores de Blasphemy e Beherit voltam a estuprar os ouvidos dos hellbangers com mais um maldito artefato, após um intervalo de quatro anos do lançamento de Cojete a Dios por el Culo (2004). O Morbosidad já está na cena desde 1993 e já lançou diversos materiais, dentre os quais, podemos citar demos, EP´s, Splits além do seu primeiro full-length já mencionado acima. O grupo ficou parado durante quatro anos devido à morte de seu baterista original (Yegros), voltando apenas em 2000. Bem, nosso foco aqui é o seu segundo álbum e musicalmente os caras não modificaram em nada sua bastarda sonoridade. Continuam tocando seu sujo Black/Death Metal cru, ríspido e com letras abordando morte, guerras e satanismo. Profana la Cruz del Nazareno inicia-se com um breve intro, emendada com Ceremonia Con El Diablo, onde se destacam a bateria velocíssima de Goat Destroyer, os riffs crus de Zolrak e os vocais insanos de Thomas Strench, que vomita todas as letras em castelhano. Outros destaques: Sangrada Cruz Invertida, Poseido Por El Diablo, Inmortalidad Diabolica e Morboso Metal. As composições são curtas e mal deixam o ouvinte respirar! Por fim a última faixa é um cover para Deathrash do nosso saudoso Sarcófago, que prova todo o respeito que o grupo brasileiro tem perante o mundo. Vale destacar também a profana ilustração da capa, desenhada pelo renomado Chris Moyen, responsável por vários trabalhos com bandas do porte de Incantation, Blasphemy, Beherit, Embrace Of Thorns, Throneum, etc. Maníacos admiradores do mais necrounderground não percam tempo e adquiram esse holocausto sonoro! (Por: Saulo Baldim Gandini)

Contato - E-Mail: morbosometal@yahoo.com




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Sarcasmo – Metal Morte

01 junho, 2011.
Sarcasmo - Metal Morte
(Cogumelo Records)
O Sarcasmo surgiu em 1993, na capital mundial da morte e no maior celeiro metálico underground da América Latina, na acolhedora e cachaceira Belo Horizonte. Logo após um hiato de seis anos a banda lança seu segundo registro, o full lenght Metal Morte, lançado pela veterana gravadora Cogumelo Records. Metal Morte começa definhando os tímpanos do ouvinte com a faixa auto intitulada, mostrando o entrosamento impecável dos membros. O Sarcasmo é composto por Germano Rocha (vocais e guitarra), Tom Leandro (guitarras), Oto Alvarenga  (baixo) e Gustavor Agressor (bateria e vocais).  A segunda faixa Vivo Muito Morto começa com gritos horripilantes que remetem à algo do doentio Impetigo, os vocais profanos de G. Rocha e a  pungente pegada do grupo mostra o vigoroso Death Metal praticado por eles. Faixas como Pro Inferno, Mortificação (linhas fodásticas de baixo), Temor Em Pecar,  fazem qualquer deathbanger maltratar seu pescoço. A influência conterrânea de Sarcófago, Sepultura (até a fase Beneath The Remais), Sex Trash, Expulser e Calvary Death estão escancaradas nesta pancadaria sonora. As letras em português dão um charme maléfico no padrão da banda. Metal Morte é um ótimo registro  parabéns ao veterano Sarcasmo por nos proporcionar esse álbum matador, digno de tal título. É Minas Gerais mantendo a tradição de sua historicidade  na prática do ruído ensurdecedor. Metal Morte! (Por: Lucas Deathim)

Contato: Myspace - www.myspace.com/sarcasmoband
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Entrevista - Em Ruínas

29 maio, 2011.
Atual formação do Em Ruínas: Igor Lopes, Bruno Higashi & Rene Iron Hell

O Em Ruínas Ruínas surgiu na cena, no ano de 2002, com a dissolução dos grupos M.A.S.S. e Hellrazor com o intuito de resgatar a essência do Heavy Metal, que com o passar dos anos, estava praticamente esquecida. Após um período de dificuldades o grupo lança a promo From The Speed Metal Graves mostrando um fudido Speed Metal, calçado nos velhos nomes do estilo. Nessa longa entrevista, o mentor Igor Lopes (guitarra/vocal), fala sobre tudo, das dificuldades no começo da banda, mudanças de formação, lançamento do aguardado debut e muitas outras coisas. Confira! (Esta entrevista foi publicada em 2008 para a primeira edição do Coven Of Darkness)

Por: Saulo Baldim Gandini   


1-) Coven Of Darkness - O Em Ruínas foi formado em 2002, com fim das bandas M.A.S.S. e Hellrazor. Porque vocês decidiram dissolver estas bandas e formar um novo grupo? O som desenvolvido era similar ao do Em Ruínas? Existe algum material gravado dessas bandas?

Igor Lopes: Primeiramente muito obrigado pelo espaço cedido. Bem vamos lá, a idéia inicial de montar uma banda de Metal data mais ou menos em 1992, o começo da década que eu considero a mais decadente para o Metal e para o mundo, uma década de inversões de valores gerais, que infelizmente acabou afetando até as contraculturas isoladas no mundo que faziam a diferença até então, infelizmente acho que o Metal não se safou disso também. A princípio Hellrazor foi apenas um nome dado a idéias que eu tinha para com a banda tanto em relação às letras e as músicas que fiz nesse período entre 1994 até 2004, que são o material usado no Em Ruínas hoje em dia, da mesma forma que o M.A.S. S, que a principio era apenas uma idéia de nome dada pelo Adelfe Junior, após o final de sua antiga banda o Lightning War, que 50% eram, covers e 50% músicas próprias. Essa outra metade seria usada como material no M.A.S.S, que até então era apenas um nome dado para rotular algumas idéias, sejam elas musicais, sejam elas ideológicas que estavam se formando na segunda metade da década de 90. Ou seja, não eram realmente bandas porque não existia um time completo para ser uma, mas as idéias estavam todas lá. Quando nos demos conta, e olhamos para trás, já havia terminado a década de 90, e foi praticamente em vão para a cena, dava para contar nos dedos aqui em São Paulo pelo menos quem mantinha viva ainda a "Resistência" tanto musical como ideológica. Infelizmente a cena estava infectada por grunge americano ou na maioria das vezes por  Death Metal lixo de qualidade inferior, ninguém estava interessado em tocar no estilo Gates Of Purgatory ou que nem o Animal Taylor, existiam poucas bandas que faziam a diferença, como Jailbait (que foi uma grande influência para nós),  Firebox e o Sextrash no começo, porque de resto a decadência na cena imperava, com a chegada da Internet, do mercado de CDs e dos grandes festivais, a cena verdadeira ao invés de crescer, foi morrendo aos poucos, e de repente vimos poucas pessoas realmente que faziam jus as palavras Metal e headbanger, ou que realmente entendiam o verdadeiro espírito underground. A idéia foi dada por mim, ao Adelfe, de unirmos forças e transformarmos os dois projetos (M.A.S.S e Hellrazor) em uma única banda, porque pensávamos e tínhamos gostos musicais parecidos. Quando decidi parar de perder tempo procurando por um baterista que não existia, porque infelizmente não existia nem cena, tivemos que ajudar a reconstruir algo que havia se perdido totalmente, e de repente se vimos sozinhos tendo que passar adiante o que ainda tínhamos em mente o que significava realmente Metal, o que na maioria das pessoas e representantes daquela época já não existiam mais de uma maneira genuína e tradicional como antes. Foi quando decidi ir para a bateria e deixar de lado o meu instrumento que era a guitarra, e o Adelfe veio para a guitarra e dividia os vocais comigo, a partir disso as coisas começaram a fluir e acontecer, a energia estava desbloqueada, e a maldição dos bateristas não mais existiam, pois uma geração nova nasceu para dar continuidade a história escrita no passado por todos os bravos e guerreiros que desbravaram e resistiram com a chama acessa neste país, que todos nós sabemos como é difícil para se ter uma banda de Metal de verdade, principalmente sabendo que na maioria das vezes quem está no Metal vem da classe baixa da sociedade. Poucos conseguem realmente sobreviver ou seguir em frente por muito tempo. O material feito por essas 2 bandas (M.A.S.S e Hellrazor) está sendo usado uma grande porcentagem com o "Em Ruínas". Mas não existe nada gravado, apenas idéias de riffs e músicas e letras escritas em papéis. Só o Lightning War que existem alguns poucos shows filmados.


2-) Coven Of Darkness - A proposta do Em Ruínas, segundo sua biografia, "é resgatar a verdadeira essência do Heavy Metal, que com o passar dos anos foi perdida, mas não esquecida". Vocês acreditam que estão conseguindo atingir esse objetivo?

Igor Lopes: Cara, eu tento ao máximo fugir das regras e padrões em minha vida, é claro que quando se vive em sociedade é quase impossível você fazer o seu próprio mundo e ao seu modo, porque infelizmente esta tudo padronizado. Creio que o que faz algo ser verdadeiro e agradar aos outros, é quando isto é feito de uma forma verdadeira e espontânea como esta entrevista, acho que o segredo de se fazer Arte com A maiúsculo, boa e verdadeira é essa, deixando o sentimento fluir e as idéias serem usadas para aperfeiçoá-los, caso contrario soa clichê, datado e com prazo de validade, pode ter certeza. Existem certo tipos de valores universais que temos dentro de todos nós, como instintos, sentimentos e percepções, a Arte é pura e verdadeira cara, num tem como te enganar, a mente acusa quando algo é falso ou forçado, é como um beijo cara, você percebe se aquilo foi frio ou não por mais que a pessoa tente encenar algo, a sua mente acusa a intensidade daquilo, e com a música (Metal) não poderia ser diferente. Quando me refiro que essa essência foi perdida, me refiro ao que eu disse na resposta número 1, de que de repente os valores se inverteram em todas as áreas da sociedade e o Metal acabou sendo afetado por isso, infelizmente ninguém mais para formar opinião de nada cara, está tudo padronizado, as simbologias foram banalizadas ou roubadas, as idéias não têm mais cunho contestador algum, muito menos de entreter alguém, e por ai vai. Não existe Rebeldia cara, a ideologia parece que morreu ou não é mais como antes, e de repente parece que existem mais "papagaios" hoje em dia do que "formadores de opinião" como no passado, não poderia se diferente no Metal porque de repente todo mundo resolveu ser fã mas todo mundo esqueceu de ser banda, e insistem em copiar alguém ou seguir uma porra de padrão que criaram para o Metal. "Música é Liberdade, Arte é Liberdade, Metal é Liberdade, não existem regras e nem padrões a seguirem para se fazer Metal de verdade!", adoraria saber quem foi o FDP que inseriu essa idéia na cena e afetou todas as cabeças não pensantes no movimento. Sou radical em alguns pontos, porque acho que não tem sentido você, transformar uma anti-moda em um produto de consumo, e de repente eu vejo algumas vezes uma cena de mentira, porque se existe cena de "verdade" ela está no "underground", porque eu nunca vi uma banda que se diz Metal e está em algo considerado como contra cultura, com a finalidade de contestar sobre as coisas erradas no mundo, sejam nos padrões sociais ou outro tipo de coisas, se submeter a pagar pra abrir show ou até mesmo gente da cena que se submete a esse tipo de prostituição musical e a esse tipo de prática e apóia esse monte de bandas pré-fabricadas nos escritórios das grandes gravadoras, apenas para vender um produto de qualidade duvidosa como se fosse Metal, seria o mesmo que vender pílula de farinha em farmácia como se fossem remédios eficazes, acho isso um crime contra quem realmente está na cena, quem faz algo por ela e se fode pra manter vivo um ideal de banda. Considero-me assim como poucos um representante de uma época, minha banda é o meu testemunho, se a história tiver que ser contada por alguém e levada adiante para as próximas gerações, então que seja contada por pessoas que realmente viveram, fizeram ou entenderam realmente o que é Metal. Caso contrário não tem sentido de existir, acho que isso é a obrigação de quem viveu realmente a cena, de passar esta bandeira adiante e sempre erguida, mas não deixar se corromper por esse monte de lixo que existe no mercado que se vendem como Metal. Apóiem o underground, porque é ali que existe a verdade, pois não existe paixão onde não se teve dificuldades, isto é fato pode ter certeza... Não se deixem levar pelas idéias e opiniões já formadas e padronizadas sem antes contestarem ou formarem uma opinião daquilo, cuidado, você pode estar se tornando outra vitima desse lixo todo que infectou o Metal verdadeiro e começar a agir ao que a cena sempre foi contra, os malditos padrões sociais que afetam a maioria.


3-) Coven Of Darkness - O som desenvolvido pelo Em Ruínas, em sua opinião, é uma resposta a todo esse  metal modista, altamente divulgado pela mídia mainstream e gravadoras mercenárias de hoje em dia?

Igor Lopes: Acho que tudo que é feito com a finalidade de realização pessoal ou um ideal grande vem como resposta a tudo que é falso no mundo cara. Quando falo de me entregar a uma causa forte, é apenas uma declaração de fé e crença que tenho na música pesada, pois acredito no poder da mesma tanto como Arte verdadeira como algo Revolucionário socialmente falando, como um tapa na cara dos falsos valores e hipocrisia que atingem uma boa parte da população mundial, Metal como qualquer outro tipo de contra cultura que se dedica a uma causa forte é isso pra mim cara, tem essa obrigação. Funcionamos como um espelho de raio X  na frente das pessoas, mostramos o que elas não querem ver ou escondem atrás desse monte de padrões sociais. Alguém tem que abrir a boca né cara, acho que o verdadeiro Metal tem essa finalidade no mundo, assim como qualquer tipo de contracultura. Nada nasce por acaso, acho que a rebeldia vem à tona quando existe uma insatisfação e um não conformismo na cabeça das pessoas mais ousadas da sociedade, ai que entra o papel das contraculturas que nascem em cada lugar do mundo. Esse tipo de ousadia serve para tentar mudar aquilo que está errado, por isso que acho escroto ver um monte de banda usando a música para pregar idéias fracas, ou que não irão acrescentar porra nenhuma pra ninguém, ou até mesmo quando algo é feito na finalidade de se tornar um produto como acontece na maioria das vezes com essas bandas que nascem do nada e fazem sucesso do nada. Se a idéia das grandes gravadoras fossem o de apoiar realmente a cena, não teriam tantas bandas boas e verdadeiras no underground  se fudendo para gravar um CD. Eles sabem que quem tem a rebeldia realmente correndo no sangue, não vai se moldar ou seguir porra de padrão, somos indomesticáveis (risos). E para eles não é muito interessante investir nesse tipo de produto, porque é assim que eles encaram os seus artistas, como um produto. Falo e repito, apóiem o underground, e se tiver que baixar porra de MP3 ou copiar CD, que seja de bandas grandes que não precisam de grana para se manter ou se fazerem independentes de verdade, pois para eles aquilo é apenas um trabalho e não um estilo de vida de quem realmente esta e vive a cena diariamente. Do mesmo jeito que existem essas bandas pré-fabricadas aqui no Brasil para tocar em rádio e aparecer na TV, existe isso lá fora com o Metal, a diferença é que queira ou não a cultura musical (se é que podemos chamar assim) aqui no Brasil é samba, sertanejo e essas porras todas que servem para retardar o povo e tirar dinheiro do mesmo, porque se o Metal fizesse realmente parte da cultura do país como acontece lá fora, pode ter certeza que não seria diferente aqui, que para mim já existe, mas com poucos expoentes felizmente. "O velho esquemão do Pão e Circo ainda existe cara, só que hoje em dia se adaptou dessa forma e com esses personagens, mas a idéia é exatamente a mesma!"


4-) Coven Of Darkness - Em 2007, vocês lançaram a promo From The Speed Metal Graves. Como foi a aceitação dos headbangers diante desta promo?

Igor Lopes: Na verdade esse foi o único modo que achei para manter a banda e o nome Em Ruínas vivo na cena, pois infelizmente ocorreu um monte de merda desde falta de grana, amadorismo, boicotes, falta de apoios, contra tempos existenciais, etc... que ajudaram a atrasar o nosso primeiro CD todo esse tempo. Foi o único modo rápido e barato que encontrei para divulgar a banda de algum jeito, já que dinheiro não existia mais e a situação requeria uma certa urgência. Fico triste em saber que muitas bandas morrem por esse mesmo tipo de problemas, e algumas sequer nem deram a sorte de deixar algo realmente registrado. A aceitação acho que foi legal, chegou certa hora que perdi o controle geral de quantas promos haviam sido feitas, mas creio que em torno de umas 400 tem por aí underground afora. Então foi devido à urgência mesmo da situação que fizemos essa promo, porque como todos sabem, se você não tem um CD ou não abriu um show de banda grande, ou muito menos saiu na mídia especializada, você simplesmente não existe não é verdade? Falo e repito, sempre que for possível: "Minha Resistência é a minha honra!" Qualquer um teria caído fora já, porque sabe que beira a loucura certos tipos de decisões, como muitos já desistiram até mesmo na banda, mas continuo aqui com a bandeira erguida (risos). Se tudo correr como planejado creio que no segundo semestre desse ano nosso CD oficial esteja ai pra galera conferir, faço sempre o meu melhor, e se isso vai agradar ou não ou até mesmo me levar a algum lugar, é apenas uma conseqüência. Se for para lançar algo que seja algo bem feito. Porque você ser uma banda tosca ou underground não significa que você tem que fazer as coisas de qualquer jeito, e é ai onde todo mundo se perde. "Se for para ir pra guerra e lutar, vá com as armas que você tem em mãos e faça o seu melhor, os aliados aparecerão no decorrer desse caminho!", nunca diminua algo que pode realmente ser grande um dia, por limitações, sejam elas financeiras corporais ou sociais. Faça sempre o seu melhor, o resto é conseqüência.


5-) Coven Of Darkness - Sobre shows, como o público vem reagindo as apresentações do Em Ruínas? Como você descreveria uma apresentação do grupo?

Igor Lopes: Cara, show é um lance imprevisível, às vezes é legal às vezes não, mas como eu sempre digo, show é uma das únicas coisas da minha vida que realmente me importa o que os outros acharam (risos). Geralmente a estrutura nunca é boa cara, infelizmente existe esse aleijão na cena em relação à qualidade das casas de shows que estão mais preocupadas em vender cerveja, do que realmente investirem em uma estrutura melhor para todos, tanto banda como público. Acho isso muito amadorismo, mas como te disse anteriormente, são poucos que realmente vivem e acreditam na cena, e são esses poucos que fazem a diferença, que fazem a coisa acontecer e ir pra frente. Aplicando isso em uma visão comparativa, acho que hoje em dia esta muito mais foda cara, pois a galera apóia e interage bastante, coisa que não acontecia  nos anos 90, aonde raramente os poucos bangers iam pra shows (estou me baseando unicamente em São Paulo), quanto mais interagiam, a maioria iam e ficavam no máximo vendo e de braços cruzados, descaso total. Ai de repente um monte de bandas da época que passava por esse tipo de humilhação acabaram por falta de apoio, e de repente depois do fim essas mesmas bandas hoje em dia elas são canonizadas como deuses (risos). Isso que eu não entendo, parece que a galera tem mania de apoiar só banda morta (risos). Entendo perfeitamente porque alguns membros de certas bandas se negam até o osso a voltarem com as mesmas, é traumático isso cara, você ver seu patrimônio morrendo e depois de morto todos querendo ressuscitar os defuntos (risos). Quanto as nossas apresentações, cara não sei como eu poderia responder essa pergunta, mas acho que a partir do momento que acreditamos em algo de verdade, temos a obrigação de darmos o melhor de si naquilo. No dia que eu me calar ou fazer música que não tenha uma contestação ideológica em cima daquilo, eu corto meu cabelo e deixo morrer a rebeldia. Além de banda eu sou fã também, eu apenas tento fazer lá em cima do palco o que eu realmente gostaria de ver com as bandas que eu gosto, mas que infelizmente a maioria delas não existe mais... "Musica é uma linguagem universal use-a com sabedoria, pois isso pode tomar uma proporção muito grande, se suas idéias  realmente tiverem algo a acrescentar para o mundo ou para a cena!" Caso contrário não tem nem sentido atrasar uma coisa que já é realidade no mundo todo. Acho que os verdadeiros pensadores e gênios foram as pessoas que trouxeram respostas e algum conforto a humanidade, infelizmente com essa porra de inversão de valores, tem muita gente medíocre sendo considerada gênio ou sendo elevado, isso tem que acabar. Acho que a melhor forma de explicar como que seria uma apresentação da gente ao vivo, seria indo em uma (risos). Sejam os juizes, estamos aqui apenas para tentar entrar para a posterioridade e tentar mudar o mundo tocando "True Metal" (risos). "Metal veio ao mundo para mostrar vitória e não a decadência!", somos a contracultura, a oposição e a resistência e não a massa alienada que atrasa o mundo. Isso tem que mudar e voltar como era antes no passado no Metal, por isso que as bandas antigas tinham qualidade melhor em minha opinião, não se trata de uma data em si, mas de uma época que precisava de pessoas ousadas para desbravar e existiam essas pessoas, existiam formadores de opiniões e pessoas realmente insatisfeitas e com o saco cheio daquele monte de bosta que também rolava na época no mundo. A diferença é que o que parece  que prevaleceu hoje em dia foi aquele ditado: "Se não pode com eles, juntem-se a eles" (risos). Eu tô fora, morro sozinho, mas morro de pé!


6-) Coven Of Darkness - Hoje nós vemos uma cena com vários grupos de alta qualidade, tanto em São Paulo, como também no Rio de Janeiro, Espírito Santo, etc. Qual sua opinião da cena metal hoje, você acredita que ela está mais forte do que alguns anos atrás?

Igor Lopes: Sim cara, está foda demais, mas como disse, os tempos são outros, os formatos vão mudando conforme se passa os anos. Hoje em dia tem até mais estrutura, não como deveria ser, pois tem muito poucas opções de espaço pra shows, e muitas poucas pessoas envolvidas em coisas que realmente importam e fazem uma cena ser rotulada como cena. Mas o acesso a algumas coisas estão mais fáceis e existem muitas coisas que antes não existiam como público, gravadoras ou selos, pessoas que organizam shows e por aí vai. Existe uma "Revolução" acontecendo no cenário nacional de alguns anos para cá, Só espero que não percebam isso quando as bandas acabarem um dia por falta de apoio ou estrutura como ocorreu no passado. Porque na minha cabeça, o Metal é cíclico, não muda muito não viu... São sempre as mesmas coisas rolando, os altos e baixos, a peneira, gente virando crente, gente desencanando de som e por ai vai. Acho que tem uma frase que sempre cito que resume bem tudo isso: "O tempo desmascara os falsos e transformam os reais!" Tem muita gente que paga de real que não dura muito não, e tem muito cara novo ai que você não dá nada pro cara hoje em dia e de repente amanhã ele pode ser um puta de um "ativista" na cena... Mas é sempre assim, tem coisas que vejo hoje em dia que já vi no passado e por aí vai (risos). Não muda muita coisa não, mas acho que a atual situação do cenário de hoje está foda, com muita banda foda e de qualidade, e cada vez mais gente fazendo a cena crescer e acontecer de verdade, coisa que antigamente não se via tanto. Única coisa que lamento, é a banalização de algumas idéias e a incompreensão de tantas outras do passado que as pessoas insistem em querer adaptar em um outro mundo que é o mundo de hoje. As pessoas deveriam parar para analisar que o mundo é outro, e determinados assuntos foram ditos no passado não para servir de padrão e serem usados sempre, mas sim foram usados porque era o que estava rolando naquela época. Só lamento mesmo por isso, acho que falta esse tipo de discernimento das coisas para saber o que serve e o que não serve hoje em dia. Mas como disse, a peneira do tempo se encarregará de separar o joio do trigo, e a eternidade se encarregará de tornar imortal as idéias que realmente acrescentam algo pro mundo e para a humanidade, independente se sejam do Metal ou não.


7-) Coven Of Darkness - Cara queria que você comentasse sobre dois tópicos: Radicalismo na cena e a Internet em relação ao underground. O primeiro nós vemos hoje, geralmente a molecada que está começando a ouvir som, a falar mal das bandas mais clássicas, falando que o som é mais leve, etc... O segundo, sabemos que a Internet é um excelente meio de divulgação no meio underground, só que é uma faca de dois gumes, pois ao mesmo tempo que ela agiliza e facilita os contatos, por outro lado temos a pirataria, MP3´s, etc... Qual sua opinião a respeito disso?

Igor Lopes: Vamos lá... O radicalismo nada mais é que o extremismo de algumas idéias que na cena funcionam como uma peneira. Eu acho que de repente acontecem vários tipos de modismos dentro da própria cena e conseqüentemente isso desperta a ira ou afronta dos reais, que estão realmente na cena e vivendo a cena intensamente. Eu vi muito disso no passado, na época do Grunge, do Black Metal Noruega... Do Hard Glam dos 80 que eu não estava lá para presenciar, mas com certeza deve ter tido, e por aí vai... Quando algumas simbologias começavam a serem banalizadas no passado assim como alguns rótulos e nomes, os puristas começavam a se incomodar com tudo aquilo, uma forma até de paixão, coisa de quem curte mesmo, de querer defender algo que eles realmente amavam com unhas e dentes, por isso que nascia o radicalismo e ele irá (felizmente ou infelizmente) sempre estar nascendo no mundo. A única coisa que ninguém se tocou ainda é que extremismo gera extremismo e conseqüentemente quando criamos uma força, independente do lado que seja, ela acaba criando uma imagem refletida, como se fosse o outro lado da moeda, como a sombra que depende da luz para existir e por aí vai. Conclusão são dois extremos brigando entre si e ninguém chega a lugar algum, pois ambos têm a mesma força e intensidade, ou seja, fica tudo no zero a zero e ninguém chega a lugar algum. As pessoas deveriam ser mais observantes ao invés de escolherem algum dos lados para lutarem, pois quando nos colocamos na posição de guerreiros, estamos apenas adotando uma causa para lutar (seja ela forte ou não) que não ira nos levar a lugar algum... Ao contrário do observador que fica apenas observando enquanto os dois lados da moeda, os dois lados da força brigam entre si. Ele apenas observa e segue em frente, é neutro, não luta de nenhum dos dois lados... Adaptando isso ao Metal e a cena, quero dizer que quem realmente dura na cena ou chega a algum lugar como banda são os observadores, pois os guerreiros em si, ou abandonam o barco ou não agüentam o tranco e baixa a bandeira. Já cansei de ver isso, e até participei disso tudo também, até me dar conta que não estava chegando a lugar algum e perdendo tempo a toa lutando por algum dos lados. Uma causa forte não precisa de atitudes extremas e nem de exercito, ela existe por si e tem muito poder e influência. Pega como exemplo muitos pensadores da humanidade que conseguiram vencer ou influenciarem sozinhos e sem nenhum exercito ao seu lado... Esses sim eram os verdadeiros sábios, que conseguiram mudar o mundo com palavras e eram neutros, não estavam de lado algum.  Existem bandas no Metal que considero atemporais, que não tem prazo de validade e atravessam e atravessarão gerações. Essa preocupação das bandas de quererem soar mais pesadas ou mais leves, ou mais rápidas ou com o visual mais extremo e tudo mais, que acabou deixando a cena um tanto que repetitiva, a música começou a ser feita de fora para dentro, se baseando no que estava rolando lá fora ou que já haviam existido e feito no passado, sendo que a coisa deveria ser feita de dentro para fora. Acho que o lance da idade influência muito também em relação à maturidade musical da pessoa, eu mesmo não conseguiria ouvir no passado muitas bandas que eu ouço hoje em dia, estava em outra fase, nem entenderia também eu acho, os hormônios estavam a mil, eu queria era velocidade. (risos) Hoje em dia aprecio muito mais uma letra bem sacada e uma melodia bem encaixada do que o material que eu apreciava mais no passado. Então acho normal, é como um ciclo interminável isso, pois os jovens de hoje ficarão mais velhos amanhã e terá bandas e bandas que começarão a agradar-lhes e conseqüentemente virão mais jovens descobrindo o Metal. Acho que se muita gente hoje em dia aprecia o passado, é porque as bandas do passado passaram no prazo de validade do tempo, ficaram e se perpetuaram para todo o sempre pelo menos na historia da musica pesada, e nesse ponto acho que a Internet é até legal porque não deixa muitas bandas fodidas do passado, que infelizmente não tiveram uma chance grande como poucas tiveram morrer, a Internet ajuda nesse ponto, o de não deixar algumas bandas boas morrerem e serem esquecidas. Acho que o problema em si não é a Internet, e sim quem a usa e a forma que está sendo usada. Na cena tem muita gente infiltrada só para quererem se auto-promoverem e aparecerem, aí vai lá e organizam shows e festivais com qualidade duvidosa, grava de qualquer jeito, usa visual de banda que nem conhece direito, e por aí vai... Estão mais preocupados em se auto-afirmarem do que realmente fazer algo pela cena porque se quisessem realmente isso, fariam bem feito e não de qualquer jeito, porque underground para mim, como sempre falo, não deveria ser sinônimo de coisa tosca e mal feita, mas sim de algo que não tenha tantos recursos assim, mas que funcione de verdade. Seria mesma coisa de eu ter que fazer um show e minha guitarra só tivesse 3 cordas, não tem como né... Se bem que eu uso só 4 mesmo (risos). Mas isso que estou querendo dizer, para ser cena tem que ter uma estrutura mínima para se fazer acontecer, e é aonde a maioria se perde, porque estão na cena para outra finalidade, pode ter certeza, e não realmente para fazerem algo que vá acrescentar no cenário como algo positivo. É o mesmo tipo de gente que baixa som de Internet da banda mais rara e underground do mundo só pra colocar um visual e pagar de fodão, sendo que eu não vejo nada de foda apoiar banda morta sendo que tem um monte de banda foda hoje em dia com uma proposta real esperando apoio de todos eles. Quanto a pirataria eu apoio, desde que não seja bandas independentes ou nacionais, só acho que essa indústria musical escrota tem que acabar, porque eu vejo muita propagando de gravadoras grandes contra a pirataria mas eu não vejo nenhuma dessas gravadoras grandes apoiarem ou lançarem bandas nacionais que realmente precisam de apoio para sobreviverem... Então foda-se, baixem mesmo para ouvir, mas usem visual de banda nacional (risos) e comprem CDs de bandas nacionais que realmente precisam.No dia que essa palhaçada acabar talvez os shows voltem a serem de verdade, com preço acessível para a condição do país. E que acabem com essa palhaçada de quererem elitizar a porra do Metal, como fazem com qualquer tipo de Arte, que eles fazem questão de manterem acessível para quem tem dinheiro realmente. Depois me perguntam porque ninguém no Brasil vai ao teatro (risos) O Metal esta tomando o mesmo rumo, esta sendo elitizado e ninguém está se dando conta disso... Metal como todo tipo de Arte verdadeira, é cultura, e cultura é algo que deveria ser e existir para todas as classes da sociedade e não para os mais privilegiados, e tem outra coisa também, CD de banda nacional é barato, comprem, só isso que tenho a falar. Hoje em dia tem muitas bandas boas e de qualidade aqui em território nacional, não tem mais aquela desculpa de antigamente que banda nacional era de qualidade duvidosa, etc. Como disse nessa resposta, se  está (e quem está) realmente preocupado em fazer algo que acrescente na cena, faça a coisa bem feita e faça direito, mesmo sendo uma banda de podreira. Agora quem faz de qualquer jeito é porque está mais preocupado em chamar a atenção ou se auto-afirmar. Não sou nacionalista e estou longe de erguer qualquer tipo de bandeira, só acho que temos que dar mais valor as coisas que vem daqui porque sabemos de todas as dificuldades que passamos aqui para manter essa única bandeira que eu defendo erguida, "a do Metal".


8-) Coven Of Darkness - Recentemente tivemos uma mudança na formação do Em Ruínas com a saída do baixista Adelfe "Zoio", o que pegou muita gente de surpresa, pois ele estava com você no grupo desde o começo. Qual o motivo de sua saída e como você chegou ao baixista André Melhado? Como está sendo a adaptação dele no grupo?

Igor Lopes: O Zóio, para os mais chegados (HAHAHAHA), foi algo espontâneo a sua saída, nada que realmente comprometesse a banda, pois algo que eu nunca vou permitir que aconteça no Em Ruínas é isso aí, algo que comprometa a qualidade de nosso som ou os ideais da banda. O Zóio fez composições muito fodas que ficarão para sempre marcadas na banda como a sua contribuição para com o Metal também, ele é um compositor de mão cheia e creio que a sua contribuição para o Em Ruínas foi de extrema importância, assim como acredito que ele tem muito para acrescentar na cena Metal com todo o seu talento musical. Acho que quando agimos espontaneamente em nossas vidas, e fazemos o melhor as coisas acabam entrando em harmonia naturalmente e foi isso que senti quando o Zóio saiu da banda, não foi nada extremo ou traumático para ambas as partes, foi algo natural que uma hora iria acabar acontecendo. Tenho certeza que ele está muito melhor agora e a gente também, sem querer desmerecer o passado, mas acho que foi apenas um ciclo, um episódio tanto na banda como em nossas vidas que teve seu começo, meio e que chegou ao fim, tudo em harmonia e sem ressentimentos. É normal as pessoas se apegarem a situações ou coisas em suas vidas, mas devemos saber a hora certa de mudar o rumo, seguir em frente ou simplesmente abandoná-las. Não devemos criar correntes em nossas vidas, principalmente quando analisamos que certas situações que devemos nos desprender traga melhorias, sejam elas quais forem, e foi assim que aconteceu em relação ao desligamento do Adelfe Zóio da banda. O André Melhado, conhecido também como Kaveira (HAHAHA), é um grande amigo meu de longa data. É um daqueles personagens que cito sempre nas entrevistas que fazia a diferença na década de 90 e final de 80, um dos poucos que ainda mantinham a "Resistência" viva na década morta do Metal, um dos poucos que andava de Bonded by Blood (risos). Uma hora ou outra creio que acabaríamos tocando juntos, seja no Em Ruínas seja em outro projeto qualquer.  Quando o Zóio se desligou da banda eu não tive dúvidas e nem esforço algum para saber quem seria o baixista da banda, pois precisava de alguém que falasse a mesma língua que eu e que viesse de uma época onde virtuosismo no Metal era direcionado para personagens como Cliff Burton, Steve Harris, Dave Lombardo, Gary Holt, Dave Carlo, Ventor, Dan Behler, Mike, Coroner entre outros. Um cara de essência, que é uma mistura de Steve Harris com Cliff Burton, sem exagero... Um baixista de verdade e não um guitarrista que toca baixo como a maioria. Nunca vou colocar qualquer um na banda, se for para trabalhar que seja com os melhores. Não preciso de músicos na banda, e sim de Rebeldes, de pessoas que tenham realmente o fogo nos olhos e a Magia do Metal correndo no sangue, pessoas que não se corromperam musicalmente e que souberam manter a essência verdadeira de se tocar Metal. O Melhado fez a sua contribuição na cena no passado, já tocou na década de 90 com o Magister Ludi (Magister a posteriori) e com a banda do Frank Blackfire (Kreator, Sodom) o Mystic, então é um cara que dispensa apresentações. E acima de tudo, antes de ser um músico é um Headbanger de verdade. Um cara que vai subir ao palco com atitude e fazer o que tem que fazer e tocar Metal como deve ser tocado de verdade, com vontade, com feeling e alma. Ele está totalmente inserido na banda, já vestiu a camisa, se assim podemos colocar, e como disse anteriormente, a adaptação dele a banda foi fácil e rápida porque falamos a mesma língua e vivemos a mesma época e quase as mesmas situações. E infelizmente também já dividimos as mesmas mulheres (risos) Na década de 90 existia um movimento da gente aqui chamado "Destruição Headbanger" da qual se originou o "Em Ruínas", ideologicamente falando, mas que infelizmente como tudo que tem um rótulo, acabou indo para o extremismo e virando como se fosse uma espécie de Gangue, foi quando decidimos desconstruir tudo aquilo e começar algo novo, mas desta vez como banda e não como fã, foi daí que nasceu o Em Ruínas. O André Melhado assim como o Zóio e o nosso primeiro baixista o André Black Wolf entre tantos outros da época faziam parte da "Destruição Headbanger" na época, então como disse, se o Melhado não fosse o baixista, não seria nenhum outro mais apropriado para o posto, já que  teoricamente falando ele está na banda desde o início, quando ela ainda existia como um movimento ou grupo (para não rotular como gangue - risos) chamado "Destruição Headbanger". Isso remete a pergunta anterior quando eu citei algo sobre extremismo e radicalismo, ou seja, já vivi isso antes e sei onde isso termina, para mim não tem muito sentido hoje em dia, mas precisava realmente viver isso na prática para ter certeza, e talvez até mesmo ter uma história de vida que servisse como testemunho para as futuras gerações que viessem.


9-) Coven Of Darkness - Igor, nesses últimos anos estamos vendo uma explosão de bandas de Thrash Metal. Vários grupos antigos voltando, várias bandas novas surgindo, algumas delas, sejamos francos, bastante genéricas e de qualidade discutível! Várias pessoas voltando a comprar vinil, usar calça apertada e tênis branco... Ou seja, parece que todo mundo quer ser old school hoje em dia! Fora ainda o aumento de grupos que estão cantando em português, coisa que não víamos muito antigamente. Como o Em Ruínas enxerga isso?

Igor Lopes: Cara, não sou ninguém para proibir ou não alguém de viver algo, mas às vezes eu paro pra pensar, quando foi a ultima vez que realmente ocorreu alguma revolução no Metal em termos de banda e de idéias de estilo? Faço de Leon "Necromaniac" Manssur minhas palavras: "Acho que a coisa ficou estagnada desde o Venom cara, de lá para cá acho que tudo foi misturando e perdendo a genuinidade, o Venom realmente foi a ultima grande revolução do Metal em termos de trazer algo novo e original,", concordo com isso sim. Talvez tenha aparecido uma ou outra banda com algo original, mas porque misturavam coisas ou estilos que ninguém conhecia, ou soava original porque era uma mistura de várias outras bandas que já existiam. Eu encaro o Metal hoje em dia mais como um hobbie cara, até mesmo pra galera que começa a curtir hoje em dia, mesmo levando isso como um estilo de vida, acho que hoje em dia, é possível se curtir Metal de uma forma bem mais saudável e menos perigosa como era antigamente... Se isso é bom ou ruim? Sinceramente não sei, são os dois lados da moeda, prefiro ser até imparcial algumas vezes quando me deparo com situações que talvez nem sejam necessárias formar algum tipo de opinião. Antigamente, algo que se sucedeu até o meio da década de 90, o Metal e qualquer outro tipo de contracultura era muito ligado a marginalidade cara, era algo que vinha de baixo mesmo, da classe baixa da sociedade, muito diferente de hoje em dia que a contracultura chegou à Elite, mas enfim...` É diferente um cara que pega ou pegou trem e teve que ter bastante atitude em sair na rua vestido daquele jeito naquela época de hoje em dia que um cara pode sair com o visual mais carregado possível que não pega nada... Fico triste de o Metal ser algo sociável aos olhos das pessoas hoje em dia por conta de vivermos em um mundo bizarro, onde um monte de coisas bizarras tem espaço na sociedade e não causam impacto nenhum, acho que por isso que o Metal é aceito numa boa hoje em dia, por esse fator... E é exatamente nesse ponto onde as pessoas da cena se perdem porque, na minha opinião, os headbangers foram os últimos revolucionários verdadeiros que tinham o poder de tentar mudar algo no mundo naquela época e alguns conseguiram uma pena mesmo que a coisa tomou outro rumo na década de 90, com um monte de gente nada a ver com a cena se infiltrando no meio da mesma pra fazer merda ou ficar pregando idéias políticas ou religiosas sem sentido, isso matou a magia da cena e de repente a inocência que gerava essa atmosfera toda deu espaço ao extremismo de gente que não tinham nada a ver com a cena e tentaram (e conseguiram infelizmente) adaptarem a cena ao seus estilos de vida socialmente falando. O Metal é que nem diamante, é pedra brusca, porém genuína, achei desnecessário esse monte de idéias escrotas que esse monte de gente nada a ver com nada trouxe para o Metal. A Arte não deveria ser usada dessa forma, lamento muito da coisa ter tomado uma proporção tão grande que fugiu do controle de todos. Por isso que tento ver as coisas de outra maneira hoje em dia cara. A rebeldia continuará, a resistência continuará, porém o mundo já não é mais o mesmo. Antigamente se acendiam isqueiros em shows, hoje em dia se acendem celulares (risos) ou seja, a idéia é a mesma, mas acho que soa contraditório dizer que você pertence a uma contracultura que luta contra consumismo, se você paga 100 reais pra ver um show gringo, 80 reais por um LP, 30 reais por um CD, e 200 reais por um tênis de cano alto branco (risos). Acho apenas sem sentido e contraditório, mas, se as pessoas que vivem a cena encararem tudo isso como um hobbie talvez pese menos em suas cabeças "Metal" (risos). Mas o importante é não deixar isso morrer, eu que ainda não me acostumei com a idéia que o Metal esta se tornando algo sociável, apenas isso. Acho sem sentido, porque para algo ligado a uma anti-moda ou contracultura se tornar sociável tem dois opções: Ou porque o mundo esta se tornando cada vez mais bizarro. Ou porque estão domesticando a fera que existe em coisas que não vieram ao mundo para serem domesticadas e sim para fazerem a diferença nele com idéias que mudaram o mundo no passado de gente que realmente teve ousadia de enfrentarem a maioria que sempre foi alienada e causar algum tipo de impacto que obrigassem as pessoas a pensarem e reverem todos os seus conceitos retrógrados. O que é essencial se torna atemporal, e sem prazo de validade, infelizmente os valores universais estão a cada dia que passam tendo seus espaços tomados por coisas doentias, que com certeza são conseqüências de um mundo "Em Ruínas” (risos).


10-) Coven Of Darkness - O que os headbangers podem esperar do debut From The Speed Metal Graves?

Igor Lopes: Podem esperar Metal feito de headbangers para headbangers. Está tudo ali, o resumo de nossas vidas, tanto minha quanto a do ex-baixista o Adelfe Zóio Jr, quem ajudou a compor o material contido no mesmo.Além do talento nato do Hugo Golon que era o baterista nessa época na banda, que dispensa apresentações, quem já viu ou já ouviu ele tocando sabe o que estou falando. Cada detalhe desse trabalho foi trabalhado e feito artesanalmente cara, se assim podemos dizer. Momento algum eu usei de falsos sentimentos, ou falsa inspiração para criar Arte verdadeira independente do formato que ela tenha. Encaro música (Arte) como uma necessidade, por isso que sou integro e verdadeiro na mesma. Tenho necessidades de expor sempre meus sentimentos, que transformo em músicas e melodias, e minhas idéias que transformo em letras e palavras. E tenho plena certeza que isso se sucederá até o final de minha existência terrena (risos). Independente do formato que isso tenha. Acho que a Arte verdadeira, é o que equilibra as pessoas e a sociedade, é alimento espiritual se assim podemos rotular para uma melhor compreensão. As pessoas precisam de música, a música alegra as festas, as pessoas vão ao teatro, as pessoas assistem filmes, ou seja, todo tipo de entretenimento está ligado a Arte, não tem como fugir, por isso que falo e repito. Só a Arte verdadeira é capaz de libertar a pessoa e aliviar qualquer tipo de dor ou sofrimento, por isso tem um papel muito importante na sociedade. O que me tira da mediocridade é apenas a minha música, por isso que coloco e redireciono tudo na minha vida para isso, porque é realmente uma das poucas coisas puras e genuínas que realmente acredito. Então acho que não existe algo mais sincero do que este CD que será lançado, que teve todo o cuidado mínimo para ser gerado, e está totalmente desprovido de falsos sentimentos. Resumindo, é Metal como tem que ser feito de headbangers para headbangers. Se agradar a massa ou outras pessoas fora da cena, ótimo então, é sinal que minha obra foi além do que eu imaginava e voou mais longe do que eu possa voar. E isso é libertador, não tenha dúvidas. A vantagem de ser independente é que você tem liberdade artística, algo que geralmente se perde quando você deixa de ser Arte para se tornar um produto, por isso que na maioria das vezes sempre os primeiros trabalhos das bandas são os melhores, pela espontaneidade dos mesmos, coisa que se perde com o tempo. Ouçam e tirem suas próprias conclusões (risos). Só tenham em mente que fizemos o melhor em cima de nossas limitações. Momento algum vou deixar de fazer o melhor por falta de recursos ou essas mesmas limitações que todos tem, acho que ai que mora o segredo da Arte verdadeira, de tentar inventar com os poucos recursos que temos, de ser um processo artesanal mesmo, que é apenas uma expressão do ser e não uma máquina fazendo o trabalho todo. Por isso que optamos também em gravar analógico, no rolo mesmo, (risos) foi uma espécie de desafio, não tenha dúvidas. Esse trabalho também tem varias citações a todos os heróis que fizeram e fazem a cena do Metal aqui e lá fora, por isso que conta com várias participações especiais das pessoas e bandas que na minha opinião fazem parte dessa Revolução que está acontecendo no cenário Metal, e fizeram a diferença no passado, infelizmente não pude chamar todo mundo que gostaria, mas eles estão lá, evocados das tumbas do Speed Metal as pessoas mais significativas e simbólicas para a cena (risos)! São eles: Vulcano, Flageladör, Side Effects, Blasthrash, No Race, Clenched Fist, Invisible Order, Farscape, Diabolic Force, Bywar, Raging Fire (Solos), Amazarak, Apokalyptic Raids. Todos eles cantando uma parte da letra de Headbanger Race (Warriors of Tomorrow), que é uma justa homenagem a cena e quem luta pra manter essa bandeira erguida. Além de é claro a participação gringa de Atomic Steif (Violent Force, Sodom, Assassin, Holy Moses, Living Death, Sacred Chao entre outros) tocando bateria no cover de sua primeira banda o Violent Force, que gravamos para este trabalho.


11-) Coven Of Darkness - Maníaco eu gostaria de te agradecer pela fodida entrevista. Foi uma honra! Deixo espaço para você deixar suas considerações finais...

Igor Lopes: Gostaria de agradecer a todo mundo envolvido no Coven Of Darkness pela força e espaço cedido. Gostaria de deixar uma mensagem para todos os leitores. Não é exatamente a cultura que vai te libertar e te levar a sabedoria, e sim o discernimento que você vai ter do que te serve ou não, pois nada adianta se encher de cultura se você se apóia em bases falsas ou em uma causa fraca, tudo tende a desmoronar e entrar Em Ruínas (risos). Por isso, analisem contestem, revejam seus conceitos a cada dia e a cada momento e procurem realmente as coisas que te servem. As verdades do mundo não precisam de muita cultura ou sabedoria para serem sentidas, elas existem por si. Apenas absorvam o que parecer espontâneo e verdadeiro. "Seja um Bravo para ousar e um Ousado para vencer!” “Mantenha a Rebeldia no Sangue, a Resistência na vida e o Metal no coração!” Valeu, ficou um lixo essa resposta, mas está valendo (risos). Para alguém vai servir, assim espero (risos).

Contato: Myspace - www.myspace.com/emruinas


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