Entrevista - Dethroned Christ

08 junho, 2011.

Formado em 1994, por ex-integrantes das bandas Bael e Ethan, o Dethroned Christ já é um veterano na cena Black Metal. Com a proposta de desenvolver um som caótico, cru e sombrio o grupo volta a cena (após o hiato de alguns anos) e lança o seu tão aguardado debut “Roots Of Ancient Evil”. Falamos com o vocalista Hatewolf sobre este trabalho, a repercussão do mesmo perante a cena e outros assuntos que você caro leitor lerá abaixo. (Esta entrevista foi realizada em 2010 para a terceira edição do Coven Of Darkness)

Por: Saulo Baldim Gandini


Hatewolf
1-) Coven Of Darkness – Bestiais saudações Hatewolf & Dethroned Christ! É uma honra tê-los nas páginas do Coven Of Darkness Zine. Após uma demo, Split e uma compilação o Dethroned Christ finalmente lançou seu debut intitulado “Roots Of Ancient Evil”. Como surgiu o contato para o lançamento pela gravadora Hammer Of Damnation?

Hatewolf - Hail and Kill Coven Of Darkness, orgulhosamente levantamos nossas espadas e saudamos com honra e força mais uma publicação que está na guerra pelo underground e a desmoralização do sistema judaico cristão! Sobre o contrato com a gravadora Hammer Of Damnation, não poderia ser diferente, pois temos uma relação de amizade muito antiga com os guerreiros da Hammer Of Damnation, e desde o começo eles acompanharam as atividades do Dethroned Christ, e também já trabalhei em projetos com o pessoal da Hammer Of Damnation em selos underground como a Southern Productions, que trabalhava exclusivamente em lançamentos de bandas do necro underground no início da década de 90. Mas voltando a questão da Hammer Of Damnation, eles acompanharam as prévias da nova sonoridade do Dethroned Christ e viu um som muito superior em relação as demos, e que naturalmente aconteceu a proposta deles se interessarem por lançar nosso debut, e o resultado desta amizade de tantos anos foi o “Roots Of Ancient Evil”.


2-) Coven Of Darkness - Apesar de ter sido lançado há pouco tempo, como está sendo a divulgação de “Roots Of Ancient Evil” e a reação dos hellbangers diante deste trabalho?

Hatewolf - A divulgação está sendo muito positiva, os camaradas do necro underground que conheciam nossos trabalhos antigos, ficaram surpresos com o novo opus, e levantaram suas espadas para mais esse trabalho escrito em sangue no underground, pois foi um trabalho digno sem perder a essência e a característica da velha escola do metal negro. E tem tido alguns interesses de distros da Europa e dos EUA em espalharem nossa praga sobre vossas terras, a reação dos hellbangers tem sido positiva em relação ao nosso debut, como comentando anteriormente, nosso debut vem sendo bem aceito e apreciado por todos aqueles que entendem o significado ancestral do metal!


Daemon
3-) Coven Of Darkness - Uma das coisas que mais me chamaram a atenção no debut foi a variedade das músicas. Enquanto “The Return” é mais cadenciada “Lycanthropy” e “The Art Of War” contêm riffs mais puxados para o Speed/Thrash Metal. Já “Death Squadrons” explode como uma verdadeira bomba atômica, tamanha sua velocidade e rispidez! Como funciona o processo de composição? Ele é concentrado em apenas um membro ou todos contribuem com idéias?

Hatewolf - O Dethroned Christ retornou com muitas idéias e inovações para um novo trabalho, muitas idéias foram criadas nesses anos de silêncio enquanto a besta estava adormecida, e como tínhamos inúmeros riffs, o processo de composição acabou se tornando um laboratório, e fomos criando músicas conforme idéias estavam vindo, nunca nos limitamos a um estilo especifico de criar Metal, sempre fomos controversos de seguir um padrão pré estabelecido, apenas enaltecemos nossos egos e arrogância e sempre tocamos como um Inferno na terra. Sobre o processo de composição, a principal mente sempre é o guitarrista Daemon, ele chega com as idéias e o restante dos membros vai estruturando as músicas e acrescentando idéias novas.

  
4-) Coven Of Darkness - A letras do Dethroned Christ fala sobre a intolerante e hipócrita religião cri$tã, guerras, ódio e Satanismo. Hatewolf, como responsável por escrevê-las, nos diga como você as aplica em seu dia-a-dia?

Hatewolf - Não precisa de uma bola de cristal para saber que o mundo não é um mar de rosas, e constantemente sempre está indo para um declínio e sua extinção. Acredite, o mundo é o pior lugar para se viver, e todos os fatores que são escritos são experiências cotidianas, em um mundo de guerras eternas quem não se prepara para o combate, acaba fazendo parte dele e apodrecendo com ele. O ódio e a preparação para a guerra vem do moralismo e conformismo do mundo moderno onde fatores políticos/religiosos nos forçam e nos manipulam para sermos escravos e lermos e ouvirmos o que eles bem entenderem. Nossas letras apenas retratam da forma mais negativa a indignação e não aceitação das mentiras impostas por setores religiosos. Sendo nossos próprios deuses, sempre haverá uma controversa e repúdio a todas hipocrisias judaicos cristãs, porque seremos escravos, se podemos ser mestres...


5-) Coven Of Darkness – Quais foram os motivos para incluir a instrumental “Your Worst Nightmare” como última faixa em “Roots Of Ancient Evil”?

Hatewolf - Sempre depois dos bombardeios e das tempestades em nome dos deuses da guerra vem à calmaria, e pode acreditar que isso foi seu pior pesadelo e o pior ainda estará por vir. Depois de um ataque sonoro, incluímos uma faixa representando a calmaria logo após a tempestade.


Warlord
6-) Coven Of Darkness – Hatewolf você é um cara que está na cena há muito tempo, ou seja, já passou/presenciou muitas coisas na cena underground. Você poderia fazer uma comparação da cena Black Metal do começo dos anos 90 (época da criação do Dethroned Christ) com os dias atuais? O que melhorou e piorou em sua opinião?

Hatewolf - Em questão do poseirismo, sempre existiu posers e pessoas descompromissadas com a cena, só que hoje observamos uma coisa mais explícita e vulgar à relação a isso... A cena dos anos 90 as bandas se preocupavam tanto com a imagem como a música, grandes clássicos foram produzidos nesse período, e atualmente vemos uma decadência enorme em relação à música, pessoas querem ser o mais ”evil” possível e produzem materiais muito ruins, creio que tanto a qualidade, a ideologia e a imagem sempre foram marcas fortes no Metal, uma prova disso é quando o Venom, Bathory e Sarcófago gravaram seus materiais, além da imagem e da ideologia, foram um murro na cara da conformidade cristã e fez um grande barulho na sociedade conservadora de suas épocas... Também vejo um aspecto muito negativo em relação ao crescimento do white merdal e de pessoas e gravadoras que apóiam isso como coisa normal, e tem o fato dos shows beneficientes que viraram uma praga e são bem vistos, o radicalismo enfraqueceu e isso foi um fato bastante negativo em relação ao underground, pois nos anos 90 isso não era tão tolerado e coisas bizarras e medonhas como essas não existiam com tal freqüência, hoje se vê uma prostituição muito grande em relações a ideais e comprometimento com o underground, e o pior que vemos muitas pessoas apoiando isso. O fato positivo e de melhora em minha opinião foi os recursos tecnológicos existem hoje em dia que baratearam custos e dão oportunidades para as bandas produzirem melhores materiais, podemos também dar créditos a tecnologia atual, desmascaram muitos rip offs, caloteiros e pessoas descompromissadas.
  

7-) Coven Of Darkness - Voltando um pouco ao passado, como foi a recepção da cena underground quando foi lançada a demo “In My Journey To The Necromancy´s Ritual” (95)? Vocês tiveram algum tipo de apoio na época?

Hatewolf - Sim, muitos irmãos e camaradas daquela época acreditaram em nossa proposta e apoiaram nosso artefato, pois tínhamos feitos coisas bem doentias com nossas prévias bandas como Ethan e Bael, e os camaradas que tínhamos contatos e amizade através dessas duas bandas apoiaram nossa iniciativa em um novo opus e em uma nova banda, tivemos entrevistas e resenhas nos zines underground da época e a aceitação teve sempre sido de grande respeito ao nosso material, embora não tão bem gravado, foi uma honra ter lançado esse opus, e o underground da época apoio muito nosso trabalho por causa do nosso comprometimento e devoção ao necro underground.


8-) Coven Of Darkness - Dois anos depois vocês receberam uma proposta de relançar essa demo em formato Split junto com o Goat Players, denominado “We Are The Fist In The Face Of God”. Como surgiu a idéia deste relançamento e também gostaria de saber qual sua opinião sobre este tipo de formato?

Hatewolf - Sempre tivemos uma grande relação entre irmãos de guerra com os camaradas do Goat Prayers, e nossa primeira demo foi gravada e apoiada em um mini estúdio em Sorocaba (cidade do Goat Prayers), e desde que iniciamos fomos grandes irmãos com o Goat Prayers, o camarada Pablo de duas extintas bandas underground cariocas Mephistopheles e Ancient Sign Glorify, iniciou uma gravadora underground chamada Godless Records, que em parceria com a Southern Productions começaram a trabalhar em prol da cena underground, e como sempre tivemos a proposta de lançar algo com o Goat Prayers pelos anos e anos de camaragem, acabou saindo um acordo e tanto a Godless Records como a Southern Productions fizeram uma parceria e relançaram as demos de ambas bandas em formato de split tape e em uma quantidade limitada, que depois de lançado foi muito reverenciado e cultuado na cena underground. Eu particularmente apoio splits desde que seja duas bandas fudidas...


Wargun
9-) Coven Of Darkness - O Dethroned Christ ficou parado durante um tempo, retornando suas atividades somente em 2007. Qual o motivo deste “período vazio” e como surgiu a oportunidade de reativar o grupo novamente?

Hatewolf - Muitas coisas e fatos aconteceram, nosso baterista original abandonou o Metal definitivamente e os outros membros tiveram que mudar de cidade, estudos, famílias, etc... Com a dificuldade e a distância entre alguns membros, e pela falta de baterista, o Dethroned Christ foi colocado em um sono profundo por tempo indeterminado e a besta adormeceu por um período, mas os membros continuaram com suas bandas, zines, distros e projetos paralelos underground. Em 2007 o guitarrista Daemon reuniu o pessoal e convida Warlord (o baixista original), só que dessa vez como segunda guitarra, e com a ajuda de dois warbrothers Warwolf no baixo (Thallium) e Wargun na bateria (Ravendark’s Monarchal Chanticle) para começarem a tocar covers de bandas de Black Metal dos anos 80 como Bathory, Sodom e Root. Depois de algumas sessões de ensaios entre amigos de longa data, começou a perceber que todos os integrantes estavam mais hábeis com seus instrumentos e estavam tendo uma grande noção de recursos tecnológicos e de estúdio, e olhando para o passado observaram que o Dethroned Christ não tinha gravado nada em termos de profissionalismo. Então naturalmente o guitarrista Daemon, com muitas idéias que foi sendo adquiridas no tempo que a banda esteve inativa, então a idéia do retorno da banda é lançada, e começa os primeiros ensaios e as primeiras músicas são compostas. Vendo o resultado devastador dos novos sons, o vocalista original Hatewolf é chamado... Depois de alguns ensaios, o baixista Warwolf teve que abandonar a banda por causa de mudança de estado e o guitarrista Daemon assume essa função. E depois de dois anos de ensaio, “Roots Of Ancient Evil” é a prova de nossa luta e dedicação.
  

10-) Coven Of Darkness - Hatewolf gostaria de lhe agradecer pela entrevista. Deixe registrado aqui os planos futuros do Dethroned Christ e sua mensagem final.

Hatewolf - Hail Coven Of Darkness, lembre-se a batalha pode ser longa e árdua, mas o sentimento de honra e louvor ao verdadeiro Metal anti-cristianismo sempre permanece e nunca morre, nunca apóie bandas de temáticas cristãs. Elas não pertencem a esse mundo, ou cedo ou tarde elas apodrecerão com seu mundo ilusório. Agradeço pelas linhas cedidas e desejo força, honra e vida longa ao Coven Of Darkness! A banda se encontra ensaiando e compondo e pode se esperar alguma coisa para o futuro!




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