Tributo - Carcass

05 agosto, 2011.

Formação Clássica do Carcass: Ken Owen, Bill Steer & Jeff Walker

Por: Saulo Baldim Gandini 


Os britânicos do Carcass é uma das melhores bandas de Goregrind/Grindcore/Death Metal de todos os tempos, tendo influenciado uma geração inteira de bandas e conquistado milhares de admiradores com seu som repulsivo, grotesco e, porque não, original para a época. A banda deu início as suas atividades em 1985, na cidade de Liverpool, quando três jovens formaram um grupo chamado Disattack, que na ocasião tocava Punk/Hardcore simples, porém muito agressivo. Com a entrada de Jeff Walker (vocal/guitarra) o grupo muda seu nome para Carcass. Como curiosidade, vale salientar, que o marcante logotipo foi desenhado pelo próprio Jeff. A banda grava com poucos recursos a barulhenta demo Flesh Ripping Sonic Torment, por pura diversão, já que a grande maioria de seus membros tinham outras ocupações. Jeff Walker tocava com o Electro Hippies, Bill Steer era guitarrista do seminal Napalm Death, Ken Owen dedicava-se a faculdade de Ecologia e o vocalista Sanjiv, pouco se sabe a seu respeito. Flesh Ripping Sonic Torment acabou rodando pelo mundo todo e acabou tornado-se clássica no underground, influenciando vários grupos de hoje como Impaled, Exhumed, Dead Infection e Haemorrhage.

Logo após o lançamento dessa demo, Ken Owen passou a se dedicar totalmente a faculdade, deixando o Carcass parado por um certo tempo. Paralelamente a isso, Bill Steer lançou com o Napalm Death o clássico debut Scum e, depois de gravar o segundo álbum From Enslavement To Obliteration, resolve sair do Napalm Death para se dedicar totalmente ao Carcass, agora sem o vocalista Sanjiv. Com isso a formação se estabilizou com Jeff Walker (vocal/baixo), Bill Steer (vocal/guitarra) e Ken Owen (bateria). O trio assina um contrato com a gravadora Earache Records e entra no Ritch Bitch Studios (mesmo estúdio que o Napalm Death gravou Scum) para gravar, em quatro dias, um dos álbuns mais esporrentos e grotescos do Metal mundial, Reek Of Putrefaction. O álbum possuía vinte e duas faixas de um Grindcore imundo, pesado e rápido, com letras escatológicas e vocais doentios divididos pela dupla Jeff Walker (que fazia rasgados e distorcidos) e Bill Steer (que fazia os mais guturais e graves).

O som era extremamente brutal, com músicas que raramente passavam dos três minutos e gerou muita controvérsia na época, afinal muita gente não entendeu porra nenhuma o que diabos o trio estava querendo fazer. A capa era repugnante, com várias colagens de fotos de corpos mutilados, decompostos e autopsias. A produção deixou a desejar, até pelo fato que o grupo teve pouco tempo para mixar o trabalho, em função ao prazo limitado da gravadora. Mesmo assim é um álbum que tem um valor imenso na história do Metal pelo seu pioneirismo, tanto que foi escolhido pelo radialista inglês John Peel como álbum do ano. Essa parceria deu tão certo que no ano seguinte o Carcass soltou um EP intitulado The Pell Sessions, espalhando o terror em quatro faixas ao vivo. Isso acabou servido de aperitivo para o próximo álbum de estúdio do grupo, o também clássico Symphonies Of Sickness. Aqui a banda manteve sua sonoridade extremamente repulsiva, mas com uma produção superior, faixas mais extensas, lapidadas e ainda mais criativas em comparação ao seu álbum de estréia. Symphonies Of Sickness foi tão bem aceito que conseguiu a façanha de atingir a décima quinta colocação na revista New Music Express, veiculo mais direcionado ao pop e rock. Desse álbum saiu a música que podemos considerar como o grande clássico do Carcass, a fudida Exhume To Consume.

Com o novo álbum na praça, o grupo embarca para a famosa tour ‘Grindcrusher’. Após essa tour o Carcass resolve recrutar mais um guitarrista para dar mais intensidade ao som, já que Symphonies Of Sickness foi gravado com duas guitarras. O jovem Michael Amott (ex-Carnage) acabou sendo recrutado e acabou formando com Bill Steer umas das duplas mais técnicas e entrosadas do Metal mundial. Com essa formação eles entram no Amazon Studios para gravar seu terceiro petardo, o maravilhoso Necroticism – Descanting The Insalubrious. Aqui o Carcass abandona de vez sua faceta Grind e assume o lado técnico e intricado, com as guitarras mais trampadas de Michael Amott e Bill Steer (que decidiu deixar a maioria dos vocais para Jeff Walker), os solos virtuosos, a cozinha perfeita e entrosada de Ken Owen e Jeff Walker e as vocalizações estupendas do próprio Jeff, que assumiu a função com maestria. O lançamento de Necroticism fez com que a banda fosse convidada para a ‘Gods Of Grind’ em 1992, turnê que reuniu grupos do porte de Confessor, Entombed e Cathedral. Essa turnê foi tão positiva para o Carcass, que além de proporcionar reconhecimento e admiração do público ao redor do mundo, também gerou o lançamento do split Gods Of Grind com a participação de todos os grupos envolvidos nesta turnê. Nesse material o Carcass participa com duas regravações, uma versão editada da música Incarnated Solvent Abuse (que saiu em vídeo) e mais a inédita Tools Of The Trade.

Em 1993, com a alta do Death Metal, ocorreu um acordo de distribuição entre selos underground e as gravadoras “majors”. Neste caso o acordo rolou entre a Earache Records e a Columbia, e com esse suporte o Carcass solta seu quatro álbum, chamado Heartwork. A mudança foi extremamente perceptível, a começar pela capa. As letras também estavam diferentes, cheias de metáforas e abordando temas políticos e artísticos, fugindo completamente dos temas repulsivamente patológicos de outrora. E a música estava mais polida e melódica, não lembrando o extremismo de antigamente. Logo após a gravação Michael Amott decide deixar o Carcass e seu lugar é ocupado por Mike Hickey (ex-Venom). Após sua saída, Michael decidiu se dedicar totalmente ao seu outro grupo, o Spiritual Beggars. Dois anos depois, em 1995, Michael funda, junto com seu irmão Christopher Amott, o Arch Enemy.

Mas voltando a falar do Carcass, essa formação dura pouco, mais precisamente até o final da ‘Heartwork Tour’. Após essa turnê o grupo grava o single Heartwork com Bill Steer assumindo as duas guitarras e, logo após, o guitarrista Carlos Regadas é recrutado. Em 1995 a banda grava o que seria seu último trabalho de estúdio, Swansong. Com o declínio comercial do Death Metal e decepcionada com a gravadora Columbia, que desistiu de lançar o álbum, o Carcass retorna a Earache, porém já acabado. O álbum é lançado em 1996, apostando em um Death Rock com melodias e letras mais simples, deixando os fãs extremamente chateados com o novo direcionamento musical. Após o lançamento Bill Steer sumiu por uns tempos e depois formou o Firebird onde lançou alguns álbuns. O restante do grupo formou o Blackstar, que apostava na mesma sonoridade de Swansong. Mas o grupo não foi a frente pelas diversas tragédias que acometeu sobre seus integrantes, como o AVC sofrido pelo baterista Ken Owen no começo de 1999 e que suspendeu o lançamento da coletânea Choice Cuts do Carcass, o falecimento do pai de Carlos Regadas e Jeff Waker desistindo da música. Apesar do fim do grupo, fãs foram agraciados com o lançamento de três coletâneas: a coletânea e vídeo Wake Up and Smell the Carcass (1996), Best Of Carcass (1997) e Choice Cuts (2004).

Após negar veementemente qualquer chance de retorno eis que o Carcass, após um hiato de mais de dez anos, volta a ensaiar em 2006. Nessa volta, o grupo recruta o baterista Daniel Erlandsson (Arch Enemy) no lugar de Ken Owen. Apesar disso, Ken esteve envolvido nas atividades da banda, fazendo aparições em alguns shows selecionados. O Carcass realiza algumas apresentações em festivais de verão europeus como ‘Sweden Rock Festival’ (Suécia), ‘Wacken Open Air’ (Alemanha), ‘Tuska’ (Finlândia) e ‘Hellfest’ (França), chegando até fazer uma apresentação no Brasil em 2008. Apesar da ansiedade dos fãs pelo lançamento de um novo álbum ainda não há planos para compor músicas novas. O guitarrista Bill Steer em uma entrevista recente, não descartou a possibilidade de um novo álbum, mas não se sabe se Michael e Daniel, ou uma formação diferente irá gravá-lo. Em 2010, como presente aos fãs, é lançado o box-set The Complete Pathologist´s Report com os cinco trabalhos de estúdio da banda. Ficaremos na expectativa...

Discografia:

Flesh Ripping Sonic Torment - Demo - 1987
Reek Of Putrefaction - Full-Length - 1988
Symphonies Of Sickness - Demo - 1988
The Peel Sessions - EP - 1989
Symphonies Of Sickness - Full Length - 1989
Necroticism - Descanting The Insalubrious - 1991
Gods Of Grind - Split - 1992
"Tools Of The Trade" - Single - 1992
Tools Of The Trade - EP - 1992 
The Heartwork EP - EP - 1993
Buried Dreams - Single - 1993
Embodiment - Single - 1993
Pre-Heartwork Parr Street Demos - Demo - 1993
No Love Lost - Single - 1993
Heartwork - Full Length - 1993
Heartwork - Single - 1994
Swansong Free 2 Song Sampler - Single - 1995
Keep On Rotting In The Free World (Promo Tape) - Demo - 1995
Swansong - Full Length - 1995
Wake Up And Smell The Carcass - Vídeo/VHS - 1996
Wake Up And Smell The... Carcass - Coletânea - 1996
Best Of Carcass - Coletânea - 1997
Choice Cuts - Coletânea - 2004
Pungent Excruciation (Live) - Single - 2009
The Complete Pathologist´s Report - Box Set - 2010


Contato: Myspace - www.myspace.com/carcass



  






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