Entrevista - Vomepotro

11 julho, 2011.
Nova Formação: David Ferreira, Cristiano Nery, André Martuchi & Cristiano Martinez

Batalhando na cena  há mais de dez anos, o Vomepotro vem tocando o seu Brutal Death Metal com temática Splatter há todos os deathbangers ávidos por podridão. Após o lançamento de duas demos, o grupo começou a chamar a atenção no underground com a demo “Necrodemented” lançada em 2000. Após esse trabalho o Vomepotro sofreu uma pausa de quatro anos até o lançamento de mais uma demo denominada “List Of The Dead”. O aguardado debut “Zombie Gore Vomit” é lançado pela gravadora alemã Obscure Domain Productions em 2006 e finalmente nesse ano (2009) “Liturgy Of Dissection”, o novo trabalho da banda, é lançado. Nessa entrevista o vocalista/guitarrista Cristiano nos fala sobre a trajetória do Vomepotro, o lançamento do novo play que sairá por uma nova gravadora e sobre a cena Splatter nacional. Stay Gore! (Esta entrevista foi publicada em 2009 para a segunda edição do Coven Of Darkness)

Por: Saulo Baldim Gandini  


1-) Coven Of Darkness – Fala Cristiano! É uma honra ter o Vomepotro espalhando toda a sua podridão em nossas páginas! Vocês acabaram de lançar um novo trabalho denominado “Liturgy Of Dissection”. Como está sendo a reação do deathbangers diante deste trabalho?

Cristiano: Fala Saulo! Antes de mais nada eu queria agradeçe-lo por nos deixar contar um pouco sobre o Vomepotro para os leitores do Coven Of Darkness. Bom, o álbum foi lançado agora na segunda metade de fevereiro então ainda é pouco recente pra saber, mas já recebemos e-mails tanto de brasileiros, como de gringos que ouviram o “Liturgy” e todos falaram muito bem, isso nos deixa bastante contentes, mas acho que tem muita água ou purulência (risos) pra rolar! Vamos aguardar...


2-) Coven Of Darkness – Como foi o processo de composição de “Liturgy Of Dissection”? Geralmente as idéias são concentradas em apenas um integrante ou todos contribuem? Aproveite e fale um pouco sobre a produção do álbum. Pelo que reparei, nesse trabalho a sonoridade está mais nítida, pesada e muito mais intensa, em relação ao debut “Zombie Gore Vomit”.

Cristiano: Legal saber que percebeu isso! Realmente eu concordo com você, pois este álbum está bem mais pesado do que o “Zombie Gore Vomit”. Bom falando em produção acho que este álbum soa da maneira que queríamos desde o primeiro CD. Gravamos na casa de um amigo que tem um home estúdio bem legal por sinal e que nos deu toda a infra-estrutura pra fazer o CD de boa sem contar o rango que sempre era caprichado! (risos) Na época do “Zombie...” a gente gravou em um estúdio que não era ruim, mas acho que não nos deu a qualidade que queríamos; de qualquer forma, a vida ensina... Sobre as composições, não há muito segredo, eu componho a maioria dos riffs, depois de pronta a música é gravada na casa do André (batera) com apenas a guitarra e o metrônomo que nos auxilia pra treinar cada um com seu instrumento. O André também tem total liberdade pra criar as linhas de batera, assim como o Kleber (guitarra) também escolhe se determinada música terá solo ou não e o Mauro (baixista) sempre dá bons palpites pra melhorar isto ou aquilo. Não posso esquecer-me de dizer que metade deste álbum foi composto pelo André e depois colocamos os riffs em cima dos arranjos de bateria.


3-) Coven Of Darkness – As capas dos álbuns do Vomepotro são extremamente doentias! Vocês contaram com a ajuda do artista Jon Zig para fazê-las, como vocês chegaram a ele? As idéias são todas sugeridas por vocês? Há intenção de trabalhar com ele para futuros materiais?

Cristiano: Obrigado pelo elogio! Bom na verdade trabalhar com o Jon Zig já era algo que queríamos há bastante tempo até porque sempre piramos nas capas que ele fez pro Deeds Of Flesh, Suffocation, Disgorge (U.S.A), Sinister, entre outras e o contato surgiu da Sevared que nos perguntou se queríamos que a capa fosse feita novamente pelo Juanjo. Dissemos que gostaríamos de trabalhar com o Zig desta vez e ele disse: “OK, o cara é meu amigo, escreva pra ele, aqui está o e-mail!” A gente achou muito legal e tudo aconteceu normalmente. As idéias sempre partem de nós, falamos o que a gente tem em mente, mas sempre dando total liberdade pro cara fazer o desenho sem pressão. Acho que seria legal trabalhar com o Zig novamente, mas já temos em mente outro artista pra fazer a capa do próximo CD, até porque achamos legal sempre mudar pra não ficar uma coisa meio “igual”.


4-) Coven Of Darkness – Vocês incluíram dois covers nesse novo trabalho: Sepultura “Mass Hypnosis” (que ficou do caralho!) e Morbid Angel “Dominate”. O que levou a banda a homenagear esses dois ícones (apesar das cagadas do Sepultura) da cena metal mundial?

Cristiano: Cara, nós sempre ouvimos Sepultura, é lógico que a fase boa, até porque eu já acho o “Chaos A.D.” um lixo! Queríamos homenagear esta banda que fez o mundo saber que aqui existe Metal de qualidade! Eu acho que “Beneath The Remains” foi o CD que eu mais ouvi na vida, então como todos adoram esta fase de ouro da banda, não foi difícil escolher a música. Sobre o Morbid a idéia foi a mesma, pois sempre tocamos “Dominate” nos shows e algumas pessoas nos diziam pra gravá-la e resolvemos incluí-la. Ainda sobre o Sepultura, queria dizer que tocamos e adoramos Death Metal, mas a gente cresceu ouvindo Thrash Metal e queríamos mostrar que no nosso caso não ouvimos apenas aquilo que tocamos e sim várias vertentes do Metal. 


5-) Coven Of Darkness – “Liturgy Of Dissection” foi lançado pela gravadora Sevared Records, como surgiu a oportunidade de trabalhar com eles? Vocês estão satisfeitos com o trabalho da mesma? O contrato é para quantos álbuns?

Cristiano: Como falei anteriormente, o álbum acabou de sair então ainda não dá pra falar mal deles (gargalhadas). Mas até agora tudo foi cumprido de uma maneira muito profissional! Na verdade a gente já se conhece desde a época em que nosso primeiro CD foi lançado, pois eles distribuíram algumas cópias do CD nos Estados Unidos. Quando estávamos pra começar a gravar é que falamos a respeito do CD ser lançado pela Sevared e o Barret (dono do selo) disse que queria muito lançar e me surpreendeu dizendo que tinha todas nossas demos e que era fã da banda, então foi tranquilo. O contrato é só para este álbum, não queremos contrato para vários álbuns com nenhum selo, pois se não rola um trampo legal por parte deles você fica preso. Se o trabalho da Sevared for bacana como está sendo até agora a gente renova pra o lançamento do outro CD.


6-) Coven Of Darkness - A gravadora alemã Obscure Domain Productions lançou o debut “Zombie Gore Vomit” . Porque a decisão de não trabalhar mais com eles? Houve algum desentendimento?

Cristiano: A Obscure Domain foi um selo que acreditou na banda e jamais vamos esquecer isso! O problema é que eles só prensaram 500 cópias e quando o CD esgotou eles não tiveram o trabalho de prensar mais 500, se o CD fica encalhado é uma coisa, mas a gente deu sorte e se eles viram que o álbum estava vingando deveriam ter depositado um pouco mais de confiança na gente. A Sevared é bem diferente, a primeira prensagem foi de 1000 cópias e se esgotar eles vão prensando mais, isto é muito legal, pois tanto banda como selo crescem juntos! Eles também têm uma boa distribuição e prometeram fazer camisetas também, além de terem pagado a arte do Jon Zig e prensagem do CD, ao contrário da Obscure que pagou pela capa também, mas nos enviou uma cota menor de CD´s por causa disso.


7-) Coven Of Darkness – O Vomepotro tem seus dois trabalhos lançados por gravadoras gringas. Para você facilita mais ter uma gravadora que represente a banda lá fora? Como rola o esquema de distribuição de materiais por lá?

Cristiano: Sempre tivemos interesse no mercado gringo como qualquer outra banda brasileira então se a gente pode dar um passo à frente porque não? Aqui no Brasil é foda, você manda CD promocional pra qualquer selo e sempre recebe a mesma resposta: “não estamos lançando ninguém!” A gente só corre atrás do que é melhor pra gente, pois é bem importante ser representado por um selo de fora porque a distribuição dos caras é muito melhor, ela é feita muito a base de troca, um selo troca com outro e aí chega a lojas especializadas. No nosso caso a distribuição do primeiro CD foi melhor na Europa porque os caras são de lá, agora tenho certeza que a distribuição será mais forte na América do Norte, pra nós é legal, pois a banda vai crescendo pouco a pouco.

 8-) Coven Of Darkness – “Zombie Gore Vomit” teve sua versão nacional realizada pela Mutilation Records. Há possibilidade que o novo trabalho seja lançado por eles também?

Cristiano: Acredito que não!


9-) Coven Of Darkness - Voltando um pouco ao passado, são mais de dez anos dedicados ao Death Metal, o que nós sabemos que é uma tarefa extremamente difícil! Qual o momento mais complicado enfrentado por vocês?

Cristiano: Acho que no caso foi quando o guitarrista Ricardo e o vocalista Leandro saíram da banda e como o Mauro e o André não conseguiram ninguém a banda acabou e ficou inativa de 2000 a 2003. No momento estamos passando um momento ruim também porque depois de 10 anos, como você mesmo falou, o Mauro está deixando o Vomepotro por compromissos profissionais e estamos buscando um novo baixista, mas acho que infelizmente as coisas são assim mesmo.


10-) Coven Of Darkness – Gostaria que você comentasse um pouco sobre as duas primeiras demos do Vomepotro: “Pressed Corpse” (96) e The Putrid Odour (98). Como foi a recepção dos maníacos e zines diante destes trabalhos? 

Cristiano: Foram muito boas, apesar de ambas não terem uma boa qualidade sonora e porque eram outros tempos em que não existia essa facilidade pra gravar e tudo era feito na base da raça, não tinha Internet, tudo era respondido na base de carta, então acho que a galera dava mais valor.


11-) Coven Of Darkness – Em 2000 vocês lançaram “Necrodemented” que foi produzida por Tchelo Martins (Krisiun, Funeratus, etc...). Foi nesse trabalho que o nome do Vomepotro começou a ficar mais forte não? Como você analisa esse trabalho?

Cristiano: Sim com certeza, mas foi o que falei logo em seguida, a banda acabou. Essa demo recebeu ótimas críticas. Na época eu conheci o Vomepotro porque os caras foram destaque da edição na sessão de demos da Roadie Crew e já tinha uma galera que falava bem deles, só não sabia que anos depois estaria tocando no Vomepotro!


12-) Coven Of Darkness – Após esse trabalho vocês deram uma pausa e só voltaram em 2004 com a demo “List Of The Dead”. O houve nesse espaço de tempo? Por acaso passou pela cabeça de vocês em terminar definitivamente o grupo?

Cristiano: Esta pausa aconteceu justamente pelo fato dos dois membros da banda terem saído e porque os caras tinham desistido mesmo! Ambos continuavam no underground, indo a shows e prestigiando, mas sem pretensões de voltar a tocar. Em meados de 2003 quando uma outra banda que eu tinha acabou, pensei logo em falar com eles até porque eu e o Kleber já gostávamos da banda e sabíamos que os caras estavam parados só porque não tinha aparecido ninguém que encaixasse no esquema da banda. Quando eu e o Kleber começamos a tocar com eles as coisas foram acontecendo normalmente.


13-) Coven Of Darkness – As letras do Vomepotro, segundo sua biografia falam: “sobre fatos reais e imaginários que relatam as mais sórdidas histórias de horror e as formas mais brutais de morte”. Aonde vocês buscam inspiração para escrever tais temas? Tenho certeza que todos curtem literatura e filmes de terror. Quais os escritores favoritos de vocês e os cineastas? Filmes como Nekromantic, Aftermath e os tradicionais filmes italianos de canibalismo e zumbis da década de 70 também servem como inspiração?

Cristiano: Com certeza! Adoramos filmes de terror! São muitas influências: John Carpenter, Clive Barker, Sam Raimi, Dario Argento, Stephen King, a gente também gosta muito do insano Zé Do Caixão, tem o pessoal da Black Vomit e por aí vai... São muitos! 


14-) Coven Of Darkness – Em Janeiro vocês tocaram aqui em Pouso Alegre (MG) no Noise Festival. Como foi a receptividade do público em relação à apresentação de vocês? E os shows no exterior, vocês já receberam alguma proposta para tocar fora? Aproveite e nos diga quais bandas você gostaria de dividir o palco.

Cristiano: Foi muito legal tocar em Pouso Alegre! O publico é bem caloroso! Já tivemos a oportunidade de tocar em várias cidades mineiras e é sempre bom voltar, pois a galera aí é louca! Recebemos dois convites pra tocar nos Estados Unidos, mas é impossível ir pra fazer um ou dois shows, teria que ser no mínimo 15 datas pra valer à pena, mas é algo que queremos fazer e estamos correndo atrás neste sentido... Vamos ver o que acontece. Dividir o palco? Cara são muitas bandas! Sei lá, Dying Fetus, Deeds Of Flesh, Suffocation, Devourment, Morbid Angel, Insision, Hate Eternal, Vile, Disavowed... Cara muitas bandas...


15-) Coven Of Darkness – Cristiano como você analisa a cena Splatter nacional? Te faço essa pergunta, pois hoje em dia eu vejo a molecada só ouvindo Thrash 80´s e Black Metal e esquecem da cena Splatter e de bandas como Anarkhon, Flesh Grinder, Lymphatic Phlegm, etc... Qual sua opinião a respeito disso? Você acredita que a cena possa ainda crescer?

Cristiano: Acho que existem várias bandas incríveis como as que você citou e outras como, Deformed Slut, Corporal Sores, M.D.K, Anopsy, P.N.H e muitas outras, sobre a galera ouvir Thrash e Black Metal acho legal, mas existe um certo preconceito sobre o Splatter/Gore e acho que é só aqui, porque lá fora a carnificina reina! (gargalhadas) Espero que a cena possa crescer sim e acho que já vêm crescendo, é só ver a quantidade de bandas fudidas que estão tocando ao redor do Brasil.


16-) Coven Of Darkness – Eu gostaria de agradecê-lo pela entrevista. Deixe suas considerações finais...

Cristiano: Saulo, mais uma vez eu agradeço pelo espaço e pode ter certeza que foi um prazer! Espero não ter falado demais! (risos) Bom quem quiser saber mais sobre o Vomepotro pode entrar em contato conosco ou acessar nosso Site Oficial (www.vomepotro.com) e Myspace (www.myspace.com/vomepotro). Abração a todos e continuem apoiando a verdadeira cena nacional!


Contatos: 

Web-Site Oficial - www.vomepotro.com




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