Entrevista - Metraliator

03 maio, 2011.

Canário, Paulo, Rock n´Roll & Misanthropic


O Metraliator iniciou suas atividades em 2005, na cidade mineira de Belo Horizonte com a proposta de tocar um “Evil Speed Thrash” na linha das clássicas bandas dos anos 80. Passados dois anos o grupo lança sua primeira demo, denominada “Fast As A Bullet” obtendo uma satisfatória repercussão na cena underground e um contrato com a gravadora francesa Pyrenean Metalheads Records. Com isso, em 2009, o debut “Satanic Machine” é lançado contendo oito faixas do mais puro Speed/Thrash Metal. Nesta entrevista o baterista Misanthropic nos fala como está sendo a repercussão deste trabalho, o começo de carreira e outros assuntos interessantes. (N.E: Esta entrevista foi realizada em 2010 para a terceira edição do Coven Of Darkness)

Por: Saulo Baldim Gandini


1-) Coven Of Darkness - Saudações Misanthropic! O Metraliator iniciou as atividades em 2005, com a proposta de tocar um “Speed Evil Thrash” nos moldes das velhas e clássicas bandas oitentistas. No ano passado vocês lançaram o debut “Satanic Machine” contendo oito devastadoras faixas, expressando todo o ódio contra o cri$tiani$mo. Como você vê a evolução do grupo, desde a demo “Fast As A Bullet” até o debut?

Misanthropic - A meu ver, a banda evoluiu muito desde o lançamento da demo até aqui. Considero a demo um ótimo material, pois expressa bem o que o grupo era na época em que foi lançada, mas foi com o “Satanic Machine” que o Metraliator consolidou sua identidade. Este crescimento aconteceu não somente por causa da evolução musical, que foi fruto de muito esforço por parte de todos os integrantes, mas também pela maturidade que estamos adquirindo com o passar do tempo, devido as várias experiências que temos vivido nesses cinco anos juntos.

2-) Coven Of Darkness - Como foi a repercussão da demo “Fast As A Bullet”? Que portas este trabalho abriu para o Metraliator?

Misanthropic - A demo teve uma ótima aceitação dentro e fora do Brasil. Pouco tempo depois do lançamento, surgiram convites para vários shows em outras cidades e estados do país. Além disso, este material foi lançado por dois selos internacionais. Um originário da Costa Rica (que tem distribuição focada na Europa) e outro da Tailândia (que faz distribuição em toda Ásia e parte da América). Estes lançamentos foram importantíssimos para a divulgação da banda no exterior e fizeram com que aumentasse muito o interesse dos headbangers pelo trabalho da Metraliator.

3-) Coven Of Darkness - Como foi o trabalho de composição e produção de “Satanic Machine”? Como está sendo a divulgação e a recepção do mesmo?

Misanthropic - O processo de produção do álbum foi muito complexo e trabalhoso. Tínhamos muitas composições prontas, muitas idéias na cabeça e, principalmente, muita determinação e ansiedade para lançarmos o material oficial. Com calma, conseguimos canalizar todos esses sentimentos em um foco e selecionamos o que considerávamos que seria ideal para compor o CD. Foram, no total, seis meses de trabalho entre gravação, mixagem e masterização. Então enviamos o material para a França, onde a Pyrenean concluiu o trabalho. A divulgação foi muito bem feita pela gravadora e também pela própria banda. Isso fez com que o álbum fosse bem apresentado ao público. O retorno de todo este trabalho está se refletindo na excelente aceitação que estamos obtendo dentro e fora do Brasil. Posso dizer que o reconhecimento está bem além do que esperávamos. Constantemente, recebemos cartas e e-mails de vários lugares do mundo, de pessoas reconhecendo e parabenizando o trabalho e já interessados em informações sobre o próximo material. Isso é a melhor recompensa que uma banda pode receber.

4-) Coven Of Darkness - “Satanic Machine” foi lançado pela gravadora francesa Pyrenean Metalheads Records. Como surgiu o contato com eles? Para você facilita mais ter uma gravadora que represente a banda lá fora?

Misanthropic - O contato com a Pyrenean surgiu por causa das músicas da demo “Fast As A Bullet”, as quais havíamos postado em nossa página no Myspace. Eles ouviram e gostaram muito do trabalho. Então, entraram em contato com a intenção de lançar outra tiragem da tape.
Como este material já havia sido lançado por outros dois selos e nós já estávamos com tudo preparado para iniciar a gravação do “Satanic Machine”, fiz a proposta para que eles lançassem o álbum. Eles adoraram a idéia e toparam na mesma hora. Assim nasceu a parceria que se mantém até hoje. O fato de a gravadora ser estrangeira ajuda muito no que diz respeito à divulgação, visto que temos certa dificuldade aqui no Brasil em relação à divulgação para o exterior. Como toda boa relação, há pontos negativos como a distância, por exemplo, que acaba aumentando o tempo entre as negociações e etc. Mas no geral, é excelente lidar com eles. Fazem um trabalho muito sério e de excelente qualidade, além de terem o interesse totalmente voltado em divulgar o trabalho das bandas, deixando de lado os lucros financeiros. Isto, pra mim, faz com que a nossa relação com eles seja muito agradável e satisfatória.

5-) Coven Of Darkness - Existe a intenção de lançar “Satanic Machine” em LP? Qual sua opinião a respeito deste “novo” mercado que está sendo construído para o vinil, com diversas gravadoras lançando material a todo o momento?

Misanthropic - Existe sim muito interesse em lançar um LP, mas acho provável que isso aconteça com outro material futuro, não com o “Satanic Machine”. Atualmente, o mercado do vinil vem passando por uma grande mudança. Estava praticamente extinto há um tempo e agora vem ressurgindo com muita força. Para mim, que sou admirador e colecionador deste tipo de material, considero excelente, olhando por este lado. Acho que o LP é a melhor representação do que a banda executa originalmente no estúdio, tanto musicalmente quanto sentimentalmente. Sendo assim, quanto mais materiais de bandas que gosto e apoio forem lançados neste formato, melhor. Por outro lado, uma das características do LP que sempre valorizei é o fato de ter se tornado um material “Cult”, de acesso mais restrito, ficando ao alcance somente de quem realmente admira a forma de representação da arte e ideologia através deste tipo de material. Portanto, tenho certo receio de que o LP sofra muita popularização e se torne um produto de mídia, perdendo assim a sua real essência.

6-) Coven Of Darkness - Houve proposta de alguma gravadora brasileira para lançar o debut ou a idéia, desde o começo, era lançar por uma gravadora estrangeira?

Misanthropic - Não. Não houve proposta de gravadora nacional para lançar o nosso debut.
Quando começamos a gravar, não fazíamos idéia com quem lançaríamos. O nosso objetivo era focar 100% das atenções na gravação do CD, fazendo com que a escolha da gravadora ficasse como segundo passo. Chegamos a enviar cartas e CDs contendo algumas músicas do álbum para gravadoras brasileiras, mas não obtivemos nenhum retorno. Quase ao final das gravações, a Pyrenean nos apresentou uma excelente proposta e fechamos com eles antes mesmo de terminar o processo. Ou seja, antes mesmo de finalizarmos totalmente a gravação, o lançamento de “Satanic Machine” já estava acordado com a gravadora francesa. 

7-) Coven Of Darkness - A capa de “Satanic Machine” logo me chamou a atenção pelo clima apocalíptico e de total destruição. Fora também que senti um clima meio Voivod (Rrröööaaarrr) nela. De quem foi à idéia e qual seu significado?

Misanthropic - As referências para esta capa foram justamente Voivod (Rrröööaaarrr) e Assassin (The Upcoming Terror). A idéia surgiu em conjunto, partindo de todos os membros da Metraliator. Através do desenho, podemos ver uma máquina de destruição em ataque direto ao cristianismo (representado pela igreja) e a outras inúmeras podridões que deterioram a sociedade atual. O objetivo é retratar claramente o que buscamos através de nossa música, que é elevar o ideal de liberdade e revolução contra todos os sistemas repressores e alienadores imundos que, infelizmente, ainda dominam a maior parte das massas ao redor do planeta.   

8-) Coven Of Darkness – A última faixa do álbum é uma música gravada em português chamada “Força Alcoólica”.  Você poderia nos contar um fato inusitado ou algum caso engraçado envolvendo bebedeiras (risos)?

Misanthropic - Força Alcoólica é um dos relatos do que vivemos no nosso dia-a-dia. Não estamos fazendo apologia ao alcoolismo, nem mesmo bancando pinta de beberrões (como muitas bandinhas por aí tem feito, passando uma imagem de “alcoólatra pião revoltado sem nada na cabeça”, sendo que sequer bebem uma gota de álcool). O álcool faz parte da nossa rotina. Sempre que estamos juntos, gostamos de tomar cerveja (tocando, num churrasco, passeio, etc). É isso que procuramos retratar na letra dessa música: a nossa ligação com o álcool e como ele faz parte de nossas vidas e de tudo que fazemos. Episódios inusitados acontecem sempre quando se trata de bebedeiras, seria impossível citar somente um engraçado, além do que meus amigos podem querer se vingar depois. Então é melhor não deixar relatos (risos).

9-) Coven Of Darkness - O fato de vocês possuírem influências diversas contribuiu para a qualidade das composições. Hoje em dia nós vemos pessoas que ouvem apenas um único estilo de Metal. Você acredita que esse é o principal problema no aumento de bandas genéricas e sem graça na cena?

Misanthropic - Com toda certeza esse é um dos principais motivos! Muitas pessoas acabam indo no embalo de “ondinhas” que vêm e vão a todo tempo. O Metal extremo nos presenteia com vários estilos diferentes, dos quais podemos tirar essências fantásticas que refletem em uma identidade própria. Para mim, o comportamento de auto intitular-se (“Black Metal”, “Thrasher”, etc.), é uma típica atitude poser. O verdadeiro headbanger preocupa-se com ideologia, sentimento e arte. 

10-) Coven Of Darkness – Ainda sobre a questão de influências, muitos headbangers de hoje falam que as bandas antigas são melhores que as novas. Para você, existem boas bandas atualmente ou as novas são só clichês das antigas? Existe originalidade no Metal hoje em dia, isto é, há possibilidade de fazer Metal sem se parecer com bandas dos anos 80?

Misanthropic - Existe muita diferença entre influência e plágio. Infelizmente, a maioria das bandas em atividade hoje são simplesmente plágio das antigas. Apesar de esse problema ter contaminado quase todo o cenário, fazendo com que surjam cada vez mais bandas genéricas e vazias de ideologia, ainda acho que existam algumas (poucas) bandas que são tão boas quanto as antigas e ainda conseguem ter originalidade em seu trabalho. Posso citar como exemplo a Sodomizer, que, para mim, é a melhor banda nacional em atividade atualmente.

11-) Coven Of Darkness – Misanthropic um assunto que hoje vem sendo divulgado atualmente na grande mídia são os casos de pedofilia que cada vez mais assolam a Igreja. Pelo que eu vejo a cri$tandade está realmente enfraquecendo, com padres abusando cada vez mais de crianças, dentre outras atrocidades. As máscaras estão caindo e revelando a porca face destes hipócritas imundos! Qual sua opinião a respeito disso?

Misanthropic - É como você disse: As máscaras simplesmente caíram! Depois de muito tempo, agora está vindo à tona tudo aquilo que sempre aconteceu por traz do “palco”. É esta a realidade doentia que a maioria se recusa a enxergar. Realidade esta que, quem compartilha do mesmo ideal que o nosso tenta estar cada vez mais distante. Isso é só o começo da queda de um império podre e sujo que dominou durante muito tempo, mas, como tudo aquilo que não é verdadeiro, acaba sempre caindo por terra.

12-) Coven Of Darkness - Sobre o novo trabalho “Sputinik 666” o que podemos esperar dele? Seguirá a mesma linha “Speed Evil Thrash” de “Satanic Machine” ou terá alguma mudança?

Misanthropic - O novo álbum continuará tendo o mesmo “feeling Evil” do primeiro. Esta é a identidade do Metraliator, à qual sempre procuraremos ser fiéis. O que posso adiantar sobre o SPUTNIK 666, é que as músicas estão mais rápidas e mais curtas e o conteúdo das letras está ainda mais voltado para o Ocultismo e Nihilismo.

13-) Coven Of Darkness - Paralelo ao Metraliator você está tocando com o Akerbeltz (Black Metal). Como surgiu o convite para entrar no grupo e como está sendo a divulgação da demo “Under The Sign Of Satan”?

Misanthropic - O convite para fazer parte do Akerbeltz surgiu no final de 2009, após a saída do baterista devido a problemas pessoais que o impediram de se dedicar 100% à banda. Eu já era amigo dos membros e admirador do trabalho da banda, então não pensei duas vezes para aceitar a proposta. Assim que me juntei à banda, gravamos a demo “Under The Sign Of Satan”, que vem obtendo uma boa aceitação dentro e principalmente fora do Brasil.

14-) Coven Of Darkness - Muito obrigado pela entrevista. Deixo aqui o espaço para os seus últimos insultos...

Misanthropic - Agradeço imensamente pela oportunidade de responder a esta entrevista e poder fazer parte deste conceituado veículo de informação do underground. Agradeço também a todos aqueles que têm acompanhado e apoiado o trabalho do Metraliator, pois é essa força que nos mantém em atividade. Muito obrigado!

Contato: Myspace: www.myspace.com/metraliator





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